sexta-feira, novembro 30, 2007

Pai & Filho

Há mais ou menos treze anos atrás, estávamos eu e meu pai assistindo televisão em sua casa em São Paulo. Era uma manhã de sábado (podia ser domingo, não vou lembrar), eu coloquei no Yo! Mtv para provar um pouco do perigo daqueles clipes do início do gangsta rap da década de 90. Era um vídeo do Ice Cube no seu característico estilo de época (ou seja, um bando de bandido e umas piranhas num visual Salt N' Pepa fumando maconha e siping gin & juice, if yo know what I mean). Não lembro porque meu pai sentou ao meu lado e escapa à minha compreensão porque ele continuou assistindo aquilo comigo. Ambos calados. Meu pai então quebra o silêncio com um "Imagina se você come a mãe de um cara desses?!". Olhei para ele em concordância, compreendendo toda a sensação de perigo através de sua lógica bem particular. Não falamos mais nada, mas aprendi uma lição naquela hora. Os comentários que alguém faz em frente a um clipe da década de 90 do Ice Cube diz muito sobre os temores, caráter e perccepção de mundo da pessoa.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Uma lista pouco inspirada de coisas que me irritam

1 - Aquele anúncio do garoto que diz que quer fazer cocô na casa do vizinho. Sério, quem é que tem coragem de conceber esse tipo de propaganda? Eu assisto e só consigo pensar que a mãe desse garoto é uma desmazelada que não compra Gleid para perfumar o próprio banheiro e no menino expelindo quilos de merda tão fedorenta que nem ele mesmo aguenta o odor. E a mãe do Pedrinho? Ela sabe que o vizinho frequenta sua casa só para usar a privada? Ela conscente? Onde isso acontece?

2 - Uma daquelas gêmeas milionárias que aparecem em tudo quando é revista, site e programas de tv relacionado ao mundo das celebridades. Não sei se é a Mary-Kate (aliás, quem é que batiza a filha com um hífen no nome?) ou a Ashley Olsen, mas alguma das duas me dá a clara impressão de que acordou, tomou heroína no café da manhã, mergulhou em um baú do Exército da Salvação e pediu para um bebê babuíno pentear seu cabelo. E olha que ela é rica, hein? Isso deve ser moda e eu não sei...

3 - Carolina Dieckmann, pelo conjunto da obra. Aliás, se o meu nome soasse como a tradução para o inglês de "Caralhumano", eu me esforçaria para ser mais simpática e fazer com que as pessoas esquecessem desse detalhe.

4 - A guirlanda de Natal da minha vizinha. Não obstante ser enormemente feia, ter a figura de um pavoroso homem-de-neve e a frase 'let it snow', ela foi pendurada na porta em frente a minha em OUTUBRO! Olha, haja espírito natalino e fé para começar a comemorar o natal quase três meses antes do dia e ainda esperar que neve por aqui.

5 - As seguintes expressões, sem ordem de irritabilidade: "ow, véi...", "tá tirando a favela", "quem é é, que num é cabelo avoa" (essa é de um requinte e de um dadaísmo ímpares!) e "meu, causando na balada!". Aliás, sobre a última preciso tecer um rápido comentário: Toda vez que alguém diz que causou na balada, eu automaticamente imagino a pessoa em questão na Feira Agropecuária, no Festival do Milho ou na Festa do Chocolate de alguma cidade do interior de São Paulo.

6 - Quem se refere a qualquer coisa relacionada ao Brasil como Brazuca. Tipos, "Alô, a cobertura do Rock in Rio I pelo Fantástico ligou e pediu as gírias dela de volta!".

Separados no nascimento


A pergunta que não quer calar é: Será que Yoná Magalhães só quer saber de rock n' roll all nite and party everyday? Sei não, viu...

quarta-feira, novembro 21, 2007

Sacanagens no Reino animal


Deus é mesmo um gozador, não é verdade, turma? Sério, só mesmo partindo desse princípio para compreender o fato dele dividir os animais em apenas dois gêneros. Ok, ele fez o mesmo conosco e isso não impediu que ninguém pulasse prum lado ou pro outro ou decidisse ficar ali no meio do caminho (uma prova de que nós somos mais espertos e safos que Deus, esse grande metódico), mas acontece que com os animais o Criador caprichou na ironia. Não estão acompanhando meu raciocínio? Ora, pensem comigo, do que adianta Deus dizer que entre os seres vivos só existirão machos e fêmeas e colocar na Terra um bicho como esse cachorro aí de cima? E não bastasse a sacanagem de fazer um bicho de visual completamente aviadado, Ele ainda decidiu chamar sua invenção de "Lulu da Pomerânia"! Porra, fico pensando como deve ser a vida de um exemplar macho, de um cachorro com C maiúsculo que deu o azar de nascer um Lulu da Pomerânia. O cachorro pode mudar de nome, tentar dizer por aí que se chama Ruffus, Thor, que é descendente de Rottweilers, mas cacete... Olhem novamente a pinta desse cachorro. É pra se matar!

E essa brincadeirinha de mau gosto não acometeu apenas cachorros dessa raça (sim, porque o Lulu da Pomerânia não foi o único alvo canino de pegadinhas divinas). Antes tivesse, mas não, Deus não se deu por contente com um e quis repetir a piada entre outros animais de pouca sorte escolhidos aleatoriamente. Apenas isso me explica a razão de criar um pavão macho... Um pavão, o correspondente animal a algo tão flamboyant quanto o Clóvis Bornay!!! Isso sem falar nos pôneis, esses coitados. Porque os pôneis além de serem animais prenhes daquela vibe de menininha (muito graças a coleção de brinquedos, da qual sempre fui contra), vão ser para sempre encarados como animais infantis. Eu aposto que num haras, um pônei de 40 anos continua sendo tratado como café-com-leite pelos outros cavalos.

Mas acho que me preocupo mais com os cachorros, na verdade. Cachorros são os únicos animais com que eu realmente me importo depois dos macacos (que já é mais uma questão de amor, está em outro nível). Acho que me identifico com a cachorrada. Assim como eles, eu passo a maior parte do tempo deitado, não gosto que me enconstem enquanto estou comendo, fico excitado em locais impróprios, sou fã de uma cachorra e lambo minhas partes íntimas... Ok, a última é mentira, mas acho que seria divertido. É por isso que entendo o sofrimento de um cachorro macho que foi colocado por Deus numa carcaça delicada, fofa e gay friendly ao encontrar seus amigos buldogues, pitbulls e vira-latas. É por isso também que acho que cachorros são ateus, eles tem raiva de Deus!

sábado, novembro 17, 2007

Meus amigos são muito mais foda que os seus


É com esse tipo de gente que eu dou passeio na rua. Vai encarar?

sexta-feira, novembro 16, 2007

Games Made in Brazil

Acabei de bolar a idéia do que, eu tenho certeza, será uma sensação entre todos os jogadores de video-game tupiniquins. Todo mundo sabe da combinação de sucesso que é misturar rock e jogos eletrônicos, né? Então, olha que incrível, que tal se lançassem na cola (como todo bom produto genuinamente nacional) de games como Rock Band e Guitar Hero um "Guitar Loser" para XBox, Playstation III e o caralho? Já pensei em tudo! Ao invés de você emular os acordes e solos de grandes hinos roqueiros conhecidos em todo o mundo, o jogador teria o prazer inenarrável e único de executar com suas próprias mãos clássicos de gente do quilate de Pepeu Gomes, Celso Blues Boy, Wander Taffo, Frejat e meu ídolo supremo, o magistral Robertinho do Recife!

Pensem na sensação de debulhar clássicos que ninguém dá a mínima como "Garota Dourada", "Aumenta Que Isso Aí É Rock n' Roll", " Fantasia Preto e Prata" e "Pedra Não É Gente Ainda". Foda, hein? Pela primeira vez você ali controlando os dedos ágeis de uma cópia mal-feita dos "grandes" guitarristas do rock-brazuca e esmerilhando a guitarrinha de mentira ao som de "Bate o pé, bate a mão, a cabeça e o coração...". Um passatempo para toda a turma da vila, diz aí. Se isso não berra di-ver-são por cada sulco, eu não sei então o que pode ser considerado como tal! Vamos torcer para a Tec Toy, produtora daquele sucesso sem precedentes que foi o jogo da Mônica pro Mastersystem, ou a empresa manauara que fez o jogo de Atari da Angélica vejam isso aqui e providenciem o "Guitar Loser" pra já. O rock nacional agradeceria para sempre.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Se a moda pega...


...Eu ia precisar fazer um cartazinho desse pra cada pessoa com quem já passei mais de vinte minutos.

É fato!

Sabe uma coisa que eu detesto? Gente que depois de ser estapeada com a prova de que seus argumentos e/ou teses são, em sua maioria, compostas de coliformes fecais tem a pachorra de virar e mandar um "Então você quer que eu acredite que...". Olha, eu não quero que você acredite em porra nenhuma! Eu estou cagando sobre suas suposições e certezas a cerca do aquecimento global, do Estado de direito ou da história do punk rock, mas tem coisas que não é pra discutir. Ao menos, não comigo. Se você tiver mesmo no pique, discuta com os fatos, porque aí é cada um com seus pobrema, né colega?!

Prontodesabaphay!

Pergunte ao Granamyr


"Granamyr, sapiência de Etérnia, resolvi cultivar um bigode numa tentativa de ironizar a imagem do macho brasileiro e, ao mesmo tempo, fazer uma referência estética a essa onda retrô. Você aprova minha atitude?' - Zé Graça da FAAP, 25 anos, SP

Minha única aprovação é em ordem que você receba uma surra na rua e pare de brincar com o que não lhe diz respeito, ser humano desprezível!

Deus me livre de escorregar na frente dos outros

Estava conversando isso com um amigo horas atrás. Sabe, de todas os constrangimentos que se pode passar em público (e eles são muitos), nada supera você escorregar na calçada. Poucas vezes vi gente mais envergonhada que após uma escorregada ou tombo que as levou ao chão. Isso porque, escorregar, se enrolar com as próprias pernas ou trombar numa pedra que é 1/30 do seu tamanho é dar uma declaração pública da sua incapacidade de empreender o movimento mais básico para seres humanos em pleno funcionamento de seus membros. Você não consegue mover um pé depois do outro e se equilibrar ao mesmo tempo, que merda, hein?!

E a vergonha só aumenta porque tem sempre uma turma que presenciou a cena ridícula e, ao invés de seguir sua vida com uma risadinha, se presta a ajudar. Olha, faço aqui um apelo público: Se eu um dia por acaso tropeçar e cair, por favor, não me ajudem! Porque virar motivo de chacota instantâneo é doloroso, mas compreensível (não que eu reaja bem a isso, é bom dizer), agora, ter que aceitar a complacência e ajuda alheia é que é foda de verdade! Porque o cara que ajuda, sejamos francos, está rindo por dentro como todo mundo e não contente em rir mentalmente, ainda procura humilhá-lo com sua ajuda. "Tá tudo bem?", "Bom, fora o joelho ralado, a vergonha e ter virado motivo de riso, sim, tudo bem, obrigado".

Aliás, já repararam como as pessoas que tropeçam nunca conseguem reagir de modo razoável. Pô, sério, se eu tivesse sido obrigado a dar a chance gratuita de rirem da minha cara quando estou de bunda pro ar, o mínimo que eu faria para aplacar o constrangimento seria rir junto. Ou fazer uma cena, fingir que foi algo seríssimo, que eu tenho uma 'condição' que dificulta meu andar, alguma coisa pra deixar os passantes com culpa na consciência. Mas a maioria das pessoas prefere aceitar a ajuda para se levantar e uma vez de pé, sacudir a poeira da roupa olhando pra baixo e sair caminhando rápido, dizendo que não houve nada. Ora bolas, deixa de besteira! Claro que houve, houve e todo mundo viu, então melhor é tentar reverter isso em algo minimamente positivo pro seu lado. Fica a dica: Tropeçou, caiu, todo mundo está rindo da sua cara? Finja que é aleijado e, já que vergonha pouca é bobagem, grite a plenos pulmões "Vocês riem porque não sofrem do que eu sofro, tá? Mas eu torço para que os filhos de vocês não tenham a mesma dificuldade que eu!!!", daí levante-se e ande manquitolando até onde a vista alcançar.

quinta-feira, novembro 08, 2007

E por aí vai...

Poucas coisas são mais herméticamente perfeitas na capacidade de constranger e fuder com alguém que aquele clichê de programas de entrevista onde, certa hora, o entrevistador pede a seu convidado para dar uma canja, uma palhinha. Putz, eu adoro quando o cara coloca o entrevistado na situação vexatória que é "dar uma canjinha". O coitado em questão é, então, obrigado a apresentar um pequeno pedaço de algo relevante de sua obra num espaço muito pequeno mas que, ao mesmo tempo, sintetize sua produção e mostre seu talento. Isso, claro, sem as condições mínimas para tanto! O Jô é mestre nisso.

Daí fica aquele treco tosco. "Vou pedir então pra você dar uma canja desse seu último sucesso" e o músico com UM violão, sem acompanhamento, tentando achar alguma posição confortável naquele sofazão ao mesmo tempo que consiga cantar e fazer o instrumento ser ouvido no MESMO microfone, que se vire! Tem aquelas que, na tentativa de salvar seu trabalho apelam desesperados: "eu vou pedir pro pessoal da platéia me acompanhar nas palmas, tá ok?". Triste...

Mas a rapaziada tá ficando mais esperta e é aí que entra outra frase ótima dessas situações. O cara, para não queimar seu filme diante do estúdio inteiro, faz o quê? Toca um compasso da música e solta "... E por aí vai, né Jô?". Porra, por aí?! Por aí por onde, meu amigo?!? Vão entrar uns teclados espaciais muito loucos, uma orquestração de cordas, você vai emitir sons com parte do seu corpo, vai vomitar no buraco do violão, qual vai ser? Fico sempre sem entender pra onde vai, apesar de achar digno o cara se sair com essa.

xxx

"E por aí vai..." é mesmo a expressão perfeita. Tão perfeita que acho que vou passar a empregá-la em tudo! Em entrevistas de emprego quando for descrever meu currículo: "Bom, meu nome é Luiz Menezes, sou formado em jornalismo e por aí vai...". Numa discussão com minha namorada: "Amor, eu estou me sentindo desconfortável com isso e por aí vai...". No restaurante: "Eu vou querer um copo de coca com gelo e por aí vai...". No táxi: "Amigo, pega aqui essa rua e por aí vai..." . Até nesse blog, olha que boa idéia?! Mais fácil que isso, só mesmo quem tem a cara de pau de empregar etc (/êt 'sétara/) num papo entre adultos.

terça-feira, novembro 06, 2007

Piada repetida... mas que se foda, o blog é meu!

Jerry Only: Aí Michael Graves, tira a camisa de telinha e esse devilock loiro cafonérrimo que tu não é caveira!

Michael Graves: Sou sim!

Jerry Only: É porra nenhuma! Tu é moleque, moleque... E tá demitido, fora da banda!

segunda-feira, novembro 05, 2007

Cagaram pra Paz


Me toquei só agora de que já estamos em novembro e, visitante assíduo de blogs e sites de putaria que sou (igualzinho a todos os demais heterossexuais, mas eu não tenho vergonha de admitir isso para estranhos via internet), não vi nem menção sobre as fotos da Bárbara Paz na edição de dois meses atrás da Playboy. Da Mônica Velloso eu ainda achei num site menos cotado, mas a da Bárbara Paz foi completamente ignorada pela massa onanista virtual. Coitada...

Sério, deve ser muito ruim ser apavorante, tentar levantar uma grana e o ego estampando a capa da revista masculina mais popular do mundo em posição de cagar e nem adolescente punheteiro ter motivação pra scanear as fotos e dividir com os amiguinhos. Bárbara Paz, se mata!

Meu senso estético foi o He-Man que construiu

Eu demorei a querer entrar numa academia. Ou melhor, demorei a admitir que queria, sempre quis, malhar e ficar fortão. Ei, não me culpem, culpem o desenho do He-Man! Eu adorava He-Man quando era garoto, na real, adoro até hoje e me ressinto de que ele não é reprisado na preferência de exibirem algum desenho japonês estúpido. Tenho plena cosnciência hoje de que foram os episódios dos mestres do universo que introjetaram em minha pessoa essa vontade de ficar forte (e de andar num tigre verde, mas isso não vem ao caso) e crer que tudo posso se aquilo me fortacele. Foram cinco anos assistindo e absorvendo toda lição de moral que os bonzinhos nos passavam ao final de cada aventura, era óbvio que aquilo teria sérias consequências na minha mentalidade débil ainda em formação.

Admitamos, He-Man era foda! A começar pelo nome, era o desenho mais alpha-male persona pride do mundo. Ele-Homem, e tudo com maiúscula, porque minúsculo é o seu pau, não o do príncipe de Etérnia, loser! Nem entro nos méritos do fato do desenho ter sido desenvolvido para vender a linha de bonecos (a linha de bonecos mais FODA de toda a história dos brinquedos, diga-se) baseados no filme do Conan, o que confere por si só o background ogro-porradeiro-pau-na-mesa. A característica mais marcante do He-Man para meus olhos infantis era o fato de que em Etérnia, não importasse quantos anos tivessem, todos os homens eram fortes pra caralho e todas as mulheres eram gostosíssimas. Eu não conseguia compreender porque o Mentor tinha no mínimo o dobro da idade do He-Man e, ainda assim, era tão forte quanto ele. E por que só o He-Man conseguia levantar o castelo de Greyskul, empurrar a Lua e atirar pedregulhos (coisas que, aliás, lhe valhiam idêntico esforço)? Caralho, até o Esqueleto que era, bem... a porra de um es-que-le-to!, tinha o corpo de um Lou Ferrigno.

As mulheres eram um caso a parte. Tinha a Teela, a Maligna, a Feiticeira, a mãe do príncipe Adam, todas coxudas, peitudas, cinturinha fina e com bundinhas sensacionais. Minha preferida era a Teela, muito provavelmente responsável por uma de minhas primeiras ereções conscientes. Mas também sempre desconfiei que o He-Man, malandro que era, devia fazer visitas noturnas ao Castelo de Greyskull e dar um confere nas carnes de sua moradora solitária. Que homem poderia resistir a uma mulher de collant com uma cabeça de águia adornando o cucuruto? E, convenhamos, se você é uma mistura de Schwarzenegger com surfista montado num tigre de armadura, tem um espadão que solta raios e é tido e havido como o cara mais poderoso do pedaço, tu tem a obrigação moral de comer todas as mulheres! Tenho certeza que o He-Man não me decepcionou, o Xou da Xuxa é que não podia mostrar a parada naquele horário.

Não obrigado, tô só olhando...

Uma das situações mais constrangedoras para homens do sécuo XXI é, sem dúvida nenhuma, a saída para comprar roupa. Falo dos homens porque mulheres, geralmente, são seres mais evoluídos e desinibidos, portanto, sabiamente mais sociáveis. Ou talvez não sejam todos os homens, mas apenas eu, especialmente. Admito, tenho aversão a visitar uma loja quando estou à procura de alguma peça, normalmente depois que me dei conta de que aquela bermuda feita de uma calça jeans de cinco anos atrás está se decompondo ou que não dá para ir com camisa de banda pro casamento de uma prima. É bom frisar que meu constrangimento e inabilidade só surgem nesses momentos específicos, porque quando eu estou acompanhado e geralmente entro em uma loja sem nenhum motivo aparente, faço uso de minha cara de pau com prazer para fingir que vou levar metade da loja. Geralmente termino dizendo "ok, então separa tudo isso aí pra mim que eu vou ali sacar o dinheiro e já volto...". Óbvio que é mentira, é mania de escroto e eu fico achando que não posso voltar àquele lado do shopping.

Mas enfim, uma vez tendo notado a escassez de roupas no meu armário (ou, sendo mais realista, de "roupas de adulto", "roupas de homem", "roupas arrumadas") parto para a detestável missão de encarar o temível vendedor de loja de roupa!!! Pois meu grande problema não é comprar, ora bolas, eu sei o que eu quero, sei do que eu gosto e geralmente, estudo a vitrine com precisão, tentando até mesmo entrever a posição de cada peça dentro da loja para efetuar a compra em tempo recorde. "Oi essa camisa tamanho M quanto é tá não obrigado só isso tchau", essa é toda a conversa que estou disposto a ter uma vez que desejo realizar uma compra. Porra, porque o cara quer saber meu nome? E porque raios eu me interessaria pelo nome dele? Pior mesmo é quando é mulher que tenta ser meio íntima e pergunta se pode te chamar de Lu. Ou te chama de Lu sem nem ao menos perguntar se pode! "Meu nome é Henrique, tá? Se precisar de alguma coisa só me fala". Tá, Henrique, preciso que você vá tomar no meio do seu cu e não encha meu saco, dá pra ser?!

Eu sei que vendedores vivem de comissão e que é uma tarefa ingrata insistir para que as pessoas comprem mais do que elas precisam. Tenho certeza que muitos vendedores sabem de sua condição inoportuna, mas precisam do emprego e possuem um gerente cretino os obrigando a se submeter a esse comportamento vexatório... Mas vamos lá, pessoal, um pouco mais de sagacidade. Ou algum vendedor realmente acredita no fato de que está ali influenciando verdadeiramente alguém ao dizer "Pô, essa bermuda é iraaaada! Peguei uma peça igual pra mim!". Ah tá, você, vendedor de surfwear de cabelo que parece um teto de sapê amarelo fosforescente, de tênis de skate, camisa estampa e bermuda florida tem um treco desses no armário? Então não quero, deve ser sinônimo de breguice aguda! Sofri horrores na Redley e na Galeria River com esse tipo de approach.

Mas o fundo do poço do constrangimento só é atingido quando não contente em dizer seu nome, te chamar por apelido, pedir para te adicionar no orkut (ok, isso eu inventei), o vendedor tenta te elogiar. Olha, sério, somos todos adultos, eu vou comprar a roupa, e se já é vergonhoso o bastante que minha mãe e minha namorada tenham vindo comigo, você elogiar e conversar com elas não melhora a situação. "Cara, que lindas suas tatuagens". Valeu. "Doeu?". Não. "Tô pensando em fazer uma...". Uma índia, uma índia com a cara da mina dele, aposto que ele vai dizer... "Mandar uma índia aqui com a cara da minha filha". Puuutz, foi quase! Ou então quando ele, desesperado para pagar a encomenda de winstroll com a comissão pela sua compra, começa a esquisofrênicamente tentar empurrar qualquer peça da loja. Afinal, por que você não vai levar a calça, só porque ela não entrou? Besteira, depois ela cede. Nããão, não porque o jeans é vagabundo, porque... bem, porque cede mesmo, né? "Não quer ver também uns bonés, umas munhequeiras, um sungão, uma meia, uma parafina?"

Nunca serão! (ainda tá em tempo de fazer piada com o filme?)


"Aí Esqueleto, tira essa farda que tu não é caveira, ouviu bem? Você é moleque, você é um fanfarrão!"

Minha moral foi o Esquadrão Classe A que construiu!

Nunca, eu disse NUNCA, despreze os conselhos de um negão de moicano-barba, trilhões de correntes de ouro e shortinhos de corrida. Ele pode te enfiar porrada!