segunda-feira, outubro 27, 2008

Dave Mustaine, some kind of asshole

Que Dave Mustaine é um sujeito chato e arrogante que não se envergonha de ser eternizado em vídeo chorando por ter sido expulso do Metallica na frente de seus ex-companheiros de banda e de um psicanalista (!!!), ou afirmando categoricamente que é o músico mais influente do thrash metal, todo mundo sabe. Agora, o que talvez poucos de vocês tenham conhecimento é que ele também sente um bizarro prazer em se fazer de bobo para crianças! É isso aí, não contente em ser encarado como uma figura patética por qualquer metaleiro na casa dos 30 anos, o ruivo de voz estridente parece querer assegurar que uma legião de novos apreciadores de música pesada continue sentindo vergonha por seus atos. Afinal, vergonha é a única coisa que parece faltar na alaranjada face de Mustaine.

Ou eu estou correto (como, aliás, quase sempre ocorre no MEU blog), ou há um outro motivo muito mais complexo e, quiçá, altruísta para o Sr. Mustaine aparecer em formato celulóide num desenho da Disney, ensinando os intrincados segredos da arte do metal para Gaguinho, Patolino e Marvin, o Marciano. E como bom chefinho e "mentor criativo" de sua banda, é claro que Dave extendeu o convite a seus escra... digo, companheiros de banda. Danny Ellefson deve estar mesmo cheio de contas atrasadas em casa para se sujeitar a esse tipo de coisa... Apesar de que, sejamos francos, essa versão animada de "Back in the Day" é mil vezes melhor que os últimos, hmm, dez clipes que a banda fez!





(Destaque para a apresentação da banda a cargo de ninguém mais, ninguém menos que o grande Gaguinho. Acho que o Megadeth deveria adotar essa introdução em todos os seus shows. Sérinho.)

quarta-feira, outubro 22, 2008

Empregos dos sonhos que não aparecem por aí a toda hora II

Com ainda mais tempo livre do que o planejado para pensar na vida, continuo sem esquecer a mamata que nosso amigo Crocodile (o cara que ganhava muito bem pra ficar berrando) arrumou somente por ser camarada do Mike Tyson. Aliás, o Mike Tyson era um cara tão fuderoso e nem aí pros seus milhões de dólares que eu aposto que Crocodile era mesmo um homem-crocodilo, um mutante desenvolvido exclusivamente em laboratório pelo qual o pugilista pagou o equivalente a três fortunas, somente para seu prazer doentio. Afinal, quem não ia querer andar por aí com um ser meio homem, meio réptil, e que ainda anunciava guerrilhas toda vez que você adentrava o recinto? É o tipo de figura que aumenta o street cred de qualquer mortal!


uma foto verdadeira de Crocodile em uma sessão de treinamento

Agora, sabe quais são as chances disso acontecer no Brasil? Z-E-R-O! Por mais que eu me candidatasse e mesmo me dispusesse a andar por aí fantasiado de algum bicho feroz (digamos, uma jaguatirica ou um cachorro-do-mato, para sermos patrióticos), qual celebridade brasileira teria a astúcia e o grau de fodismo para me contratar? Mesmo o Romário, espécie de correspondente Made in Brazil do Tyson, não teria culhão pra mandar uma dessas. Porra, o cara chamava os membros de sua entourage de "peixe", e a gente sabe, né? CROCODILO > peixe. Não tem nem como começar a comparar - apesar de um dos membros da trupe romariana ter o apelido de Bradock, o que agrega valor a qualquer gangue.


É preciso que se diga, porém, que apesar do brilhantismo por parte do maior peso-pesado de todos os tempos, a idéia de se contratar um sujeito para andar fantasiado de bicho não é original. Já na década de 70, dois milionários judeus de Nova York, Paul Stanley e Gene Simmons, mantinham em seu séquito um senhor de idade sem nenhuma habilidade conhecida fantasiado de gato que sempre os acompanhava, somente para a diversão da dupla.


Sidekick #1 since 1973

domingo, outubro 19, 2008

E o palhaço o que é?

Ao ler uma matéria sobre a Maçonaria no Rio de Janeiro, descobri que no prédio/QG/espaçonave disfarçada da entidade existem quadros de diversos maçons célebres, numa espécie de galeria que demonstra a força e a influência dessa ordem no nosso país. Apesar de achar que a Maçonaria fosse all about secrets, não é nada muito espantoso perceber que eles queiram mostrar pra todo mundo a quantidade de famosos que jogam no time deles,né? O que me deixou de queixo caído mesmo foi saber que, dentre essas tais celebridades maçônicas, se encontra o palhaço Carequinha! Gente, o Carequinha era maçon e, ao que parece, pica grossa na parada. Segundo a matéria, o quadro do bom palhaço se encontrava ao lado do de Santos Dumont, dando uma prova das prioridades da Maçonaria para a construção de uma nação.




Palhaçadas e lições de moral = Aviação e relógio de pulso

quarta-feira, outubro 15, 2008

Empregos dos sonhos que não aparecem por aí a toda hora

Acabei de ler um artigo sobre grandes homens e suas fortunas incomensuráveis torradas das formas mais imbecis possíveis. Óbvio que a matéria não poderia deixar de citar Mike Tyson, um cara com igual capacidade para destruir oponentes nos ringues e fazer merdas de proporções titânicas - sendo aplicar dinheiro nas aquisições mais débeis mentais um de seus fortes.

Pois não é que além de comprar Rolls Royces e distribuir aos amigos em uma viagem a Vegas, adquirir não um, mas dois tigres de Bengali e gastar o equivalente a renda anual de uma família num rentoso negócio com POMBOS, Tyson tinha um empregado, um rapaz que atendia pela alcunha de Crocodilo, a quem ele pagava centenas de milhares de dólares apenas para berrar "GUERRILLA WAAAARFAAAARE!" nas coletivas de imprensa antes de suas lutas!? Sério, o trabalho pelo qual o senhor Crocodilo era regiamente recompensado se resumia a irromper salas de imprensa anunciando uma suposta guerra, nem mais, nem menos.

Faz a gente refletir, né? Principalmente quando estamos desempregados e as oportunidades que aparecem não possuem nem um terço da diversão contida em ser uma espécie de bardo contemporâneo de um esmaga crânios de vozinha fina. Esse é definitivamente um emprego que você não vê anunciando nos classificados do seu jornal:

"Lutador peso-pesado, campeão indiscutível e milionário excêntrico, procura homem qualificado com experiência comprovada em berrar em ambientes públicos para cargo de megafone-humano. Paga-se ridiculamente bem."

Devia ter aproveitado melhor meus tempos de Colégio Padre Antonio Vieira e ter feito amizades mais influentes...

quinta-feira, outubro 09, 2008

West Beverly High revisited makes me feel so old!

Bem, isso não deve ser novidade pra mais ninguém, mas o canal americano CW decidiu produzir um remake de Beverly Hills 90210 (pretensious asshole translation para Bar-ra-dos no Bai-le). Se você já sabe disso e até mesmo baixou alguns episódios da primeira temporada e está pensando porque estou trazendo notícias "soooo last season", foda-se você, esse não é o blog da Julia Petit! O negócio é que depois de uma temporada sem muito contato com uma de minhas maiores, mais leais e interessantes amizades, a TV, pude ver o anúncio da nova velha série ontem no Sony em meio a mais uma terrível crise de insônia (a mesma que me faz escrever isso aqui às 2:40hs da manhã).

Amigos, me senti velho. Sério, de verdade. Apesar de ser um produto dos anos 80, é mesmo a década de 90 que eu tenho como "a minha época", sabe? Ok, He-Man, Thundercats, o BA, filmes de Indiana Jones e De Volta Para o Futuro, querer ser como Daniel Larusso, boneca da Xuxa e do Fofão assassinando crianças indefesas, cometa Halley, Tancredo morrendo antes de assumir, ser fiscal do Sarney, SUNAB, hiper-inflação... lembro-me de tudo isso, mas com aquela mentalidade infantil idêntica a das pessoas que frequentam a Ploc 80s ainda hoje e sem discernimento abraçam Smiths e Gretchen como se a mesma coisa fosse, uma massa amorfa de referências e gostos pueris e imaturos sem nenhum padrão de qualidade ( He-Man, Transformers, Thundercats e Comandos em Ação são excessões a lista, claro!) . Na década de 90, por outro lado, eu já era um rapaz ciente de minhas escolhas, ora bolas! Sabia o que queria e podia filtrar o que de bom e ruim me era oferecido. Tartarugas Ninjas? yes, please! Roupas fluorescentes da Pakalolo? No way, José!

Admito com um pingo de vergonha que Barrados no Baile foi um seriado de certa importância nos primeiros passos de minha adolescência. Sabe como é, eu estava saindo daquela fase de andar de nike air branco cano alto (novamente uma escolha sensata: Nike e não Reebok Pump!) com bermuda e camisa do Bart Simpson e ir ao flipperama torrar fichinhas em Moonwalker com meus amiguinhos para adentrar o mundo das matinês de pegação. Eu - e acreditem, uma legião de moleques sem o apoio de suas famílias - precisava de um modelo que me inspirasse na tarefa de chamar a atenção do público feminino, e numa época em que o máximo de opções que lhe eram dadas era Coca-Cola ou Diet Coke, Bobs ou Mac Donalds, eu tive que escolher entre Brandon Walsh ou Dylan McKay. Fiz a escolha pelo primeiro, o esteriótipo do carinha meio nerd, bom filho, bom amigo, gente fina 24/7 e que, ainda assim, era capaz de abater a maior quantidade de vajayjays possível.

Eu assistia toda sexta-feira ao voltar da colégio mais um episódio na vida do casal de gêmeos da família Walsh, vindos do Minnesota para viver a vida exclusiva dos alunos do West Beverly High. Puta merda, eu queria ser como aquele cara! Como eu estudava num colégio só de homens, era feio, esquisito e sem o menor jeito com as mulheres (leia-se amigas da minha irmã mais velha que liam Capricho e estavam mais interessadas em surfistas que fumavam cigarro de Bali e usavam nauru), minha única chance era mesmo frequentar as matinês do Wells Fargo paramentado como um mini-Brandon! É isso mesmo, senhoras e senhores, aos meus 12 anos eu acreditava piamente que camisetas brancas usadas por baixo de uma camisa de botão xadrez colocada para dentro da calça jeans e sapatinhos de camurça me ajudariam a ter sucesso na arte de cherchez les femmes. Em minha defesa trago a público que pelo menos não ostentei um topetinho como o do personagem. Nem costeletas (apesar de eu tentar, penteando minhas mexas laterais pra baixo), o que deve ter sido realmente a razão de um cartel tão negativo no campo dos embates amorosos.

Engraçado pensar em como as coisas são fugazes na nossa adolescência, mas a gente tem a impressão de que duraram muito tempo. Repensando agora, eu devo ter assistido Barrados no Baile com frequência por um ano (quando estava na quinta série e enquanto ela era exibida na sexta e, logo depois, sábado de manhã), ainda assim, mais tempo do que durou essa minha fase de tentar pegar mulher numa boate fazendo ligações pra suas mesas através de um interfone vermelho e convidando elas pra dançar ao som de Shabba Ranks, Pato Banton e Papa Winnie. Logo depois eu me tornei grunge por, sei lá, cinco meses, antes de descobrir os prazeres ocultos do death metal e dos discos do Ramones. Ao menos ainda pude aproveitar as camisas xadrez que comprei para emular o vizoo do Jason Priestley, né?! Mas acho que isso faz parte da magia de uma época em que um seriado podia se dar ao luxo de ser batizado com o nome de uma música do EDUARDO DUSSEK (um cara que traduz adolescência e mercado jovem como ninguém!) e ainda assim fazer sucesso. These were simpler times, folks!

segunda-feira, outubro 06, 2008

Estilo de vida carioca - modo de usar I

Se tem uma coisa que eu acho representativa no lifestyle carioca é essa necessidade da classe média local em mostrar que sobe o morro e se mistura à plebe ignara (mesmo que só uma vez no ano e por, no máximo, algumas horas). Pode escrever, se há algum evento acontecendo no Rio, é certeza que em dado momento algum produtor local vai ter a brilhante idéia de levar os participantes, estrangeiros ou não, para uma voltinha na favela. E, pule de dez, esse passeio culminará em um baile funk onde todo mundo vai fingir que não está tenso e se esforçar pra dançar e sair bem na foto no Segundo Caderno do dia seguinte.

Não me interpretem mal, eu acho bem legal que as classes se frequentem, mas se a idéia é mostrar o quão sadia é a relação do carioca com as diferenças sociais, porque a Alicinha Cavalcanti não convida uma rapaziada do Morro do Galo pra descer e festejar com ela e seus convivas em algum apartamentaço na Vieira Souto? Afora que o carioca é tão hipócrita que mal consegue disfarçar o sentimento de alívio da culpa por estar rebolando até o chão em algum baile funk na quadra de qualquer favela da zona sul. Aí fica aquela pegada meio programa do Luciano Huck, aquele palpável desconforto que se tenta disfarçar com um sorriso, uma bebidinha e o papo de "meu dou bem com todo tipo de pessoa!", muito comum da nossa gente.

Ondas da mais poderosa vergonha alheia percorrem meu corpo toda vez que vejo a declaração de uma aluna da PUC sobre como ela gosta de frequentar o baile funk do morro tal publicada em alguma revista dominical ou coluna social. A sensação é de que eles levaram a consciência pesada prum spa moral e saem dali levinhos, levinhos, e com aquela propriedade que só o carioca de classe média tem para discorrer sobre as mazelas de terceiros. Mas de longe, claro, na distância exata entre a segurança e o perigo, como se participassem de um Simba Safari da pobreza. São esse tipo de atitudes que justificariam um esquema de terror tipo Colômbia, que é pra neguinho deixar de ser babaca.

Troco meu voto por uma piadinha

Em quem vocês votaram para prefeito? Não me importa, de verdade. Apesar de ter uma predileção pelo style do Gabeira, eu até gostaria de ver como o Eduardo Paes ou o Crivella poderiam piorar esse arremedo de Miami circa 83. De toda forma, no segundo turno darei meu voto de olhos vendados ao candidato que prometer batizar de Tom Jobim alguma rua ali em Ipanema! É algo que eu gostaria muito que acontecesse, nem tanto pela importância do maestro brasileiro, mas porque assim ficaria bem mais simples a conclusão de um velho sonho: nomearem a rua transversal a essa de Jerry Adriani e então, finalmente, termos a esquina Tom & Jerry eternizada no charmoso bairro carioca.

Prefeitos, ficadica.