quinta-feira, janeiro 31, 2008

Eu sou você depois de amanhã, tá?

Dois maços por dia é o que separam Mayra Dias Gomes, a Clarah Averbuck brasileira e Glória Perez, o espírito que anda.


Japinha, o Oráculo de Delfos da Mtv

Seria possível a Mtv realizar uma matéria de comportamento sem contar com a opinião abalizada e consistente do Japinha sobre o que quer que seja? (Ou da Pitty? Ou dos caras do Dead Fish?)


Porra, nem inteligente o cara parece! Não sei porque insistem em entrevistar ele, já que todos seus comentários parecem ter sido retirados do Grande Livro de Opiniões Comuns e Sem Graça do Mundo. Só vejo relevância na opinião do Japinha quando o assunto for visual escrotérrimo ou calhordice extrema. Daí podem entrevistar ele, o Dado Dolabella e aquele VJ deles que apresenta um programa sobre os melhores vídeos feitos por quem assiste a Mtv pela internet.



- eu sou a favor da redução da maioridade penal!

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Pessoas lentas e cumprimentos rápidos

Tenho uma delcarada incapacidade de concatenar pensamentos de forma bem rápida. Em outras palavras, sou um indivíduo meio lento e, toda vez que vou contra minha natureza decidindo fazer um comentário ou tomar uma atitude mais brusca, acabo metendo os pés pelas mãos (as vezes literalmente) e falando merda.

Uma coisa que sempre me embaralha a mente são os apartes espirituosos e os cumprimentos rápidos. Sempre acabo gaguejando e perdendo o timing e nunca acerto em cheio no que devo falar. Porra, é muito difícil! Uma pessoa entra na sala, principalmente nesses dias modernos onde ninguém tem tempo a perder, e vai cumprimentando cada presente numa velocidade que me deixa tonto e eu sempre acabo tropeçando nas palavras. É que nego tá com o cérebro em injeção eletrônica e o meu ainda funciona à álcool (dessa vez, não literalmente).

Daí que eu havia decidido que sempre cumprimentaria com um "oi, prazer!" porque é rápido de falar, eu já havia decorado de antemão e, bom, me parecia super polido. Acontece que toda vez que eu tentava cumprimentar alguém assim, a pessoa em questão sempre respondia "mas a gente já se conhece..." e até eu dizer que o prazer era em revê-la, ou sei lá, era constante quando se tratava dela, o rosto já estava dando dois beijinhos na pessoa ao lado e eu ficava de esquisito. E o foda é que sempre acham que eu não cumprimento direito pois estou alterado quimicamente, se é que vocês me entendem.

Outro tipo de cumprimento que eu nunca acerto são aqueles manuais, à distância. Sempre que eu quero fazer um jóinha sai aquela mano cornuda de metaleiro, ou pior, um hang loose!!!! É um descontrole e um pavor de um dia a pessoa me mandar um "falaí, caraaaaa!" e eu estender o dedo médio e responder "na boa...". Fico imaginando as pessoas que cruzam comigo na rua e me vêem respondendo com dedinhos heavy metal (sério, não tem um nome melhor pra gente dar a essa merda de fazer com as mãos?) quando a situação pede um simples tchau.

Isso deve ser algum tipo de esclerose prematura me atacando. Pelo sim, pelo não sempre finjo que não vejo os outros na rua ou então respondo apenas com um arquear de sobrancelhas sem graça a qualquer tipo de cumprimento, até os mais esfuziantes. Antes passar por mal-educado que por maluco!

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Segura a marimba - eu e o carnaval II

Existem coisas que só acontecem com o Botafogo. O velho dito futebolístico é verdadeiro, apesar de que eu já cheguei a acreditar que haviam coisas que só aconteciam comigo E com o Botafogo. Percebi pouco tempo depois que as coisas que teoricamente ocorriam apenas comigo eram consequência direta da minha incapacidade de fazer boas escolhas, escolhas sensatas. Por exemplo, no início de 98, eu achei por bem pedir de aniversário uma passagem de avião para a Bahia de Todos os Santos. Sim, nesse ano também meu aniversário cairia no meio da folia momesca, o que em se tratando da festa soteropolitana não quer dizer muita coisa. Até que faz anos lá em setembro sofre do mesmo infortúnio.

Nessa época eu estava tentando "coisas diferentes". Me achava muito sem graça, não curtia porra nenhuma, almoçava todo santo dia o mesmo prato. Ir para um lugar que eu não tinha a menor vontade de conhecer, comemorar uma festa que eu nunca gostei e passar meu aniversário longe de todos com quem eu tinha intimidade, então, me parecia a solução ideal para acabar de uma vez por todas com meu casulo existencial. Pena que tem coisas que a gente só percebe a burrada que é muitos anos depois, não? Enfim, convencido por minha mãe que havia dito que "o sobrinho de uma prima tinha ido e adorado" embarquei num avião da Varig e pousei no aeroporto de Salvador.

Ah é, tenho que dizer que fui recebido e muito bem tratado por uma prima da minha mãe e seus filhos. Apesar de desconfiar que eles acharam minha dieta, meu gosto musical, minhas piadas, minhas roupas, meu comportamento e minha têz branca como um palmito um pouquinho estranhas. Mas, bem, parte da família mais distante, sem muita intimidade, acharam por bem sorrir e fingir que adoraram o hóspede. Minha prima baiana era bailarina e namorava um rapaz que tocava numa banda de axé. Oh que máximo, ela poderia me arrumar um abadá prum trio-elétrico quase de graça! Em todos meus outros 27 anos de vida eu certamente teria dito "não, obrigado!", mas como expliquei, em 98 estava tentando novas emoções. Lá fui eu, circuito Barra-Ondina bombando, a massa festeira e eu no meio pensando muito sobre minha posição no universo, sobre o processo de escolha de um indivíduo, sobre se era mesmo verdade que a racionalidade era uma característica humana.

Vocês já passaram um carnaval num trio-elétrico na Bahia? Pra quem não foi, o negócio funciona mais ou menos assim: Você vai andando dentro de um cercadinho ambulante protegido por seguranças, ao redor existe um mar de gente pulando e dançando muito mais animado que você, todo mundo menos você se pega e se beija, e a banda toca todas as músicas ruins que existem na face da Terra por horas e mais horas a fio. A banda do meu trio era o Jeremias Não Bate Córner (e o namorado da minha prima era o percussionista), mas não o Jeremias Não Bater Córner original, o clássico. Como me foi explicado lá, eram comum o líder e dono da banda criar um novo nome para aquela formação e entregar o nome antigo pra um grupo novo. De modos que, no final, ele acabava com um nome conhecido e uma formação conhecida. Great sucess, geniais os empresários do entretenimento soteropolitano!

Fiz o tal circuito da Barra-Ondina pela metade e consumido pelo tédio decidi voltar pra casa onde estávamos. Terminei minha primeira e única noite de folia baiana da mesma forma que encerrava todas as minhas noites carnavalescas aqui no Rio, na cama vendo o baile do Scalla na tv e tocando punheta ( Sobe BG - "Não dá mais pra aguentar essa vida ruim!"). E isso que me haviam dito que pelo simples fato de ter vindo do Rio eu ia me cansar de pegar mulher por lá. Mermão, nem que eu tivesse ido fantasiado de Zé Carioca eu arrumava um beijinho! O máximo de atenção que obtive por lá foi do atendente de um Subway que ficava escondido num posto de gasolina (e tenho fortes desconfianças de que eu era o único frequentador). Sem nada que me apatecesse na culinária local, ia dia sim outro também na lanchonete e fazia o mesmo pedido. Certa vez ao entrar, o cara me olhou e falou "já sei, o senhor quer um sanduíche vegetariano e uma coca". Juro, escorreu uma lágrima. Na verdade duas (uma de cada olho), pela atenção e pela constatação da mediocridade de minha existência (sobe BG novamente "Não dá mais pra aguentar..."/ lettering - FIM).

sábado, janeiro 26, 2008

Gritem comigo: RÁ-DIO LI-VRE!

Como já cantou o venerável No Violence há tempos atrás, não aos monopólios nas ondas do rádio! Ok, como ainda fica meio difícil vencer todo o esquemão de concessões de FM, vamos fazendo o possível nesse campo de potencial verdadeiramente democrático que é a internet (que, ao contrário do que poderia supôr sua mãe, não serve só pra ver putaria e fofocar no MSN).

Segue aí um videozinho do meu camarada Poney Ret, thrasheiro de boa cepa, vocalista da sensação metal Violator e baixista do combo crossover Possuído Pelo Cão, ensinando como montar sua estação pessoal no conforto do seu quarto. Sigam o exemplo, montem rádios com programas bacanas, boa música e depois postem o endereço aqui pra gente conferir.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Salomon says

Se me fosse concedida a graça da escolha entre uma surra nos cornos do Jack Nicholson ou arrancar na porrada os dentes do Billy Bob Thorton eu, salomonicamente, decidiria: Um braço meu pra cada um. Porrada nos dois e tenho dito!

Rick Wakeman neles, porra!

Passei os últimos tempos recolhido em meus aposentos, consultando alfarrábios (que eu nem sei o que são) e perdendo meu tempo em minuciosas pesquisas para chegar a resposta do que, afinal, falta ao rock de hoje. Descobri, senhoras e senhores, que não é franja, calça agarrada, tatuagem e absoluta falta de talento para a composição. O que o rock contemporâneo precisa é de capa! Capa a vestimenta, aquilo mesmo, de se usar nas costas, tipo super-herói. É isso aí, apesar dos meus extensos e seríssimos estudos, a verdade me veio como uma epifania ao assistir um videozinho do Yes levando 'Roundabout'. Toda, eu disse TO-DA a banda está trajando lindas e reluzentes capas. Destaque para o humilíssimo Rick Wakeman que, em mais uma prova da sua total ausência de megalomania, subiu ao palco com um exemplar prateado e coberto de paetês. Sério, coisa linda de se ver o rapaz debulhando dois teclados com sua capa de guerreiro intergalático/mago de RPG viado.

Por isso começo hoje aqui uma campanha - que espero que seja abraçada pelos meus fiéis três leitores - para a volta das capas ao rock. Abaixo o visual da calça apertadinha, tênis e camisa da sua irmã. Todo poder ao figurino Mago MerlinslashRaul Seixas. Quero ter a felicidade de conferir um show em que os integrantes se apresentem naqueles trajes Lua-Estrela do Jimmy Page ou bruxinho-missionário do Richie Blackmore. Afinal de contas, é mais que sabido que referências medievais e ocultismo são sinônimos de sucesso e qualidade quando o assunto é rock n' roll! Sigam meu conselho, quem avisa amigo é: C-A-P-A! Se vocês acham que eu tô mentindo, lembrem-se de 'Owner of a Lonely Heart' (aquela que parece tema de abertura de seriado da Globo dos anos 80) e outras cagadas que o Yes fez depois que abandonou o acessório-fetiche. Vai ser tendência, hein?!

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Segura a marimba - eu e o carnaval I

O carnaval chega e eu entristeço. Não, isso não é um verso retirado de alguma canção dos Loser Manos. Essa é a verdade, eu tenho verdadeiro pavor de carnaval. A festa de momo é a reunião e a epítome de, pelo menos, três coisas que eu detesto: suor, multidão e aqueles plantões da Globo sobre o ensaio nas Escolas. Una-se a fórmula o trânsito caótico, o Monobloco, a Beth Carvalho e o Neguinho da Beija-Flor e vocês têm minha visão do que é o Inferno. Minto, o Inferno mesmo deve ser o carnaval em São Paulo, que é tudo isso aí, mas com uns nomes tipo Nenê de Vila Matilde, Vizinha Faladeira, X-9 Paulistana. Porra, quem em sã consciência cria uma Escola de Samba numa favela e a batiza de X-9??!?!

Divago, admito... O fato é que o carnaval nunca me apeteceu, nem mesmo na época em que eu tinha idade para me fantasiar. Sério, porque fantasia tem idade, ao contrário do que os frequentadores de blocos da Lapa possam sugerir. Existe algo mais patético que homem que se fantasia de piranha no carnaval? Tipos, não dava pra ser mais clichê? E meninas mezzo-moderninhas que saem com outras amigas mezzo-moderninhas/colegas da produtora/escritório de design para tocar percussão no Centro da Cidade num bloquinho de fãs do Chico Buarque? As fãs meio moderninhas do Chico Buarque estão para o carnaval assim como o Clóvis Bornay está para os desfiles de fantasia do Hotel Glória. Aliás, dos desfiles de fantasia eu gostava. Assistia com minha vó na sua casa (ok, eu sei que isso é matéria-prima para duzentas mil potenciais piadas sobre minha sexualidade. Mas eu curtia a Categoria Criatividade, não a Luxo, tá? Bom, melhor para por aqui e não me complicar mais...).

Anyway, eu poderia até viver mais pacificamente esse período se fosse um homem mais aberto a diversão coletiva, amizades alcoólicas e cheiro de urina em absolutamente todos os cantos. Ou se não tivesse uma namorada que realmente leva à sério os desfiles. Hoje mesmo meu amor fez uma previsão "Esse ano é TIjuca! Tô sentindo que esse ano a gente leva!". Me limitei a menear a cabeça, erguer o punho fechado e bradar a meio- tom "a luta continua!". Aliás, se um dia for necessário que eu prove meu amor, quero que conste dos autos as diversas horas acompanhando os desfiles do Grupo A, tentando incrementar comentários positivos sobre a escola de samba tal, apesar de ter sérias desconfianças de que se tratavam da mesma. Eu juro pra vocês que tentei acompanhar a lógica dos comentários da Lecy Brandão, do Ivo Meirelles e do Véio Zuza, ou seja lá qual o nome daquele velho que todos reverenciam na cabine da Globo, tudo por amor.

Mas talvez a razão do meu ódio carnavalesco seja, no fundo, um trauma de infância. Tendo nascido no dia 1º de março (aceito parabéns aqui na data, por sinal), quantos e mais quantos aniversários me foram perdidos num cabo-de-guerra com as festas, os bailes e as comemorações típicas. Quantas festinhas fui impedido de fazer porque todos meus amigos tinham dado linha na pipa ou arrumado convites para bailes exclusivos. São incontáveis as noites de aniversário que comemorei assistindo a transmissão do Baile do Vermelho e Preto no Scalla pela Tv Manchete. Eu, Rogéria, Otávio Mesquita, as piranhas e a sala vazia. Ganhei de presente muitas espinhas, calos nas mãos e um sentimento dúbio de rancor e satisfação.

domingo, janeiro 20, 2008

Michael Anthony, o Dedé do Van Halen

A única coisa legal dele era esse baixo


A história do rock mundial sempre foi povoada de merdas históricos. Alguns mundialmente reconhecidos, outros tão medíocres que permanecem irreconhecíveis mesmo dentro de sua falta de talento. Porém, existem aqueles poucos que sempre foram não só encarados como merdas, mas tiveram sua merdice decantada ao redor do mundo, apesar de serem apenas homens de pouca sorte. Dessa raça desgraçada e em danação constante o maior destaque é, sem dúvida alguma, Michael Anthony, o baixista do Van Halen.

Não é o caso de dizerem que Michael Anthony é um baixista sem o menor talento. Não é por aí, pô... Ele só deu azar de ser medíocre numa banda onde o guitarrista revolucionou o intrumento, o baterista tocava pra caralho (além de ter entrado na firma com pistolão, né?) e o vocalista era um crooner com inclinação para a diversão das massas e a egolatria descontrolada em partes iguais. Não obstante, Michael Anthony ainda era baixinho, gordinho e careca - e da pior espécie, aquela que luta contra o destino cultivando uma tentativa de cabeleira rocker. Resumindo, Michael Anthony era o Dedé do Van Halen!

Mas é preciso ter raça, é preciso ser forte, é preciso coragem. E o gordinho foi a luta sem se deixar abater. Ficou famosa a história de quando Dave Lee Roth montou um super-grupo para seguir em carreira-solo e os fãs do Van Halen saíram para defender os membros restantes numa comparação do tipo "quem é quem no rock". Óbvio que quando se chegava nas quatro cordas nem o mais fiel dos seguidores da banda podia deixar de admitir a derrota. Mas e aí, vocês pensam que Michael Anthony deu o braço a torcer? Ele se saiu com classe, elán e cara-de-pau afirmando "tenho meu estilo!". Ok, then...

Como miséria pouca é bobagem, o Van Halen voltou agora para uma turnê com sua formação original. Quer dizer, 3/4 dela. Michael Anthony, coitado, foi substituído pelo filho de Eddie Van Halen de de-zes-se-te anos! Sente o drama que é não só te sacarem da banda onde vocês esteve durante quase duas décadas, mas colocarem no seu lugar um moleque espinhento... Que toca mil vezes mais que você! Tudo bem, né? Michael Anthony não se deu por vencido novamente e fundou uma banda com o também demitido e também super-personalidade-magnética Sammy Hagar. Fico pensando em qual deve ser o nome da banda... Charisma?

É por essas e por outras que eu fico aqui na torcida para que Michael Anthony tenha um piru realmente gigantesco, porque vai ser fudido assim lá na puta que pariu, hein?!

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Espírito Santo: Modo de usar

Algumas pessoas aqui, por terem sérias deficiências de aprendizado na área de geografia, costumam me perguntar qual a razão da existência do Espírito Santo. Eu sei, esse é um tipo de pergunta capciosa, daquelas que se caem no vestibular com múltipla escolha você pode se embaralhar e acabar na reclassificação de alguma faculdade de fundo de quintal. Sendo assim, como eu quero que cada vez mais gente burra entre numa univesidade e saia de lá com um diploma, e como também faço votos de uma vida mais feliz pra quem já saiu do meio acadêmico faz tempo, mas continua afundado nas trevas da ignorância, vou dividir a luz da minha genialidade com vocês, idiotas:

Razão número 1 da existência do Espírito Santo: Ser local de plantio, cultivo e reprodução do tipo mais engraçado, gente boa e amisto de gente a ter surgido no rock. Você certamente conhece um roqueiro capixaba e você, com toda certeza também, já riu das histórias (todas verídicas!) que ele contou e ficou imaginando como é possível esse manancial de bons causos naquele pedaçico de terra esquecido por deus. O mesmo se aplicando para as bandas de powerviolence/thrashcore, ok?

Razão número 2 da existência do Espírito Santo: Proibir com rigor aduaneiro que o Rio de Janeiro faça fronteira com a Bahia. Se o Brasil já é a merda que é com Rio de Janeiro e Salvador cada um ali no seu canto, com seu carnaval e sua cultura musical fecal bem separadinha, imagina como seria se você saísse de Campos dos Goytacazes e entrasse direto na Bahia? Imagina se algum infeliz decide fazer um micareta inter-estadual? Era dar muita razão pra executivo paulsitano dizer que eles são a" locomotiva do Braisl, meu!".

Razão número 3 (e mais importante) da existência do Espírito Santo: Impedir que mineiros tenham praia. Ok, Rio fazendo fronteira com Salvador é iminência de caos, mas Minas Gerais com praia é bárbarie, selvageria! Eu fao isso porque uma parte da minha família é de BH e eu já tive o prazer da experiência antropológica que é frequentar a praia com eles. Digamos que o passeio envolveu uma maritaca, um chapéuzinho 'Acapulco 76', maquiagem e um par de meias beges. E nada disso era meu! Mineiro na praia, vamos ser sinceros, são tipo aqueles episódios do Chaves em que eles vão pro Guarujá, sacam? Não pode, simplesmente, não pode.

Então, está aí. Espero que vocês tenham ficado mais inteligentes e de agora em diante, quando olharem o mapa e pensarem "pra que raios serve esse estado?" lembrem-se de sua importância estratégica. Quem colocou eles ali, sabia o que tava fazendo. Espírito Santo, amém!

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Cinco coisas que ainda me matarão de constrangimento

1 - Quem faz air-guitar. Por mais que exista agora todo esse movimento querendo afirmar que air-guitar é algo nerd-legal-engraçadalho, na boa, dá muita vergonha! E tem nego que leva à sério!!! Já foram a show de metal? Os caras ali achando que tão acertando todas as notas e que seu braço é a escala da B.C. Rich. Fico pra morrer.

2 - Neguinho que faz air-saxofone. Éééé cumpádi, tá achando que só existia air-guitar e air-drums (o pessoal fala em inglês pra ver se alivia o ridículo, mas só piora)? Pois existe ser humano que acha bacana fingir que tá mandando um solo do Kenny G. E ainda faz isso de bochechas infladas de ar. Quando eu vejo me dá cegueira temporária.

3 - Pessoas que se despedem com um "...e desculpa qualquer coisa". Putz, dá uma vergonha de ser brasileiro esse servilismo todo! E é de uma falsidade atroz porque, se muito preocupada em se desculpar a pessoa estivesse, ela não trataria seu possível vacilo como "qualquer coisa". Então fica um lance que constrange pela subserviência e a hipocrisia... Aposto que vocês nunca tinham visto por esse ângulo, hein?!

4 - Gente cantando hino nacional sem disfarçar o orgulho. Porra, tem coisa mais zé mané, babaka, fubangamalocabocada que cantar o Hino Nacional? E em público, a plenos pulmões? O pior é que quem faz isso, geralmente o faz com uma expressão de dever cívico que me faz querer ser dragado pela terra.

5 - Programação de verão da Mtv. É uma mistura de constragimento e pena. A impressão que eu tenho é que cada ano a coisa vai ficando mais e mais e mais pixulé. Pelas minhas contas, mais dois anos e eles tão apresentando o Verão Mtv dali da Padaria Real, porque ninguém mais vai ter grana nem pra pegar um ônibus na produção.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Reggatón made in Belzonte

Não seja você mesmo!

Existe um tipo de máxima adolescente que se tornou muito popular por aqui no início dos anos 90. Era uma época de descoberta do mercado jovem, Mtv aportando na Pompéia, o grunge bombando pelo mundo, o Turco Loco vendendo camisa pirata da Vision e todo o resto das coisas que agora a gente finalmente consegue entender o nível de barangalidade. Era, para resumir a estória, a época para se ter atitude! A reboque desse negócio de ter atitude (que ninguém sabia bem o que era, mas vendia que era uma beleza em estampa de camisa), cunharam a frase-modelo de uma geração meio perdida: "Seja Você Mesmo!".

Ser você mesmo, nos anos 90, parecia exprimir os desejos e os objetivos daquela rapaziada sofrida que finalmente encontrava um mercado pra chamar de seu. Não interessava o quão obtuso, equivocado e ridículo você fosse, se você fosse você mesmo tava tudo nos conformes. Não por acaso, essa época acabou brindando o mundo com o cabelo raspado de um lado e comprido do outro, as tinturas rosa e verde pras madeixas femininas, camisas de flanela amarradas na cintura e o Thunderbird. Valia tudo!

Enfim, passados quase duas décadas desde esse grito de guerra rebelde, já está mais que na hora de repensar a idéia. Pô, pra que ser você mesmo se vinte anos já provaram que ser você mesmo é escroto pra caralho? Sério, vamos começar a se espelhar nos mais velhos, em gente de reputação abalizada, gente que não vacilou, não esmoreceu, que passou incólume por aí sem ter usado barbicha e camisa escrito "Fuck the Fashion" em letras garrafais. Alguém conhece alguém assim pra apresentar pra gente e servir de molde? Eu tenho alguns bons nomes, se quiserem posso mandar por email...

Daí você, revoltado da vida, pode estar pensando "Pô, que otário esse cara. Conformista, fasciiiista!!!". Assim, vamos botar o preto no branco. Olha quem defende você ser você mesmo: A Pitty. Preciso falar mais? A Pitty acha legal você ser você mesmo, mesmo que você seja bizarro. Alooou, gente, não é legal ser bizarro! Se fosse legal ser bizarro, o Bizarro itself não se vestiria de Super-Homem, concordam?



ninguém entende um bizarro!


Portanto, da próxima vez que te bater aquela vontade de "ser você mesmo", pense duas vezes e, por via das dúvidas, fique em casa. Uma boa noite de sono geralmente acaba com esses desejos. No futuro você vai agradecer esses conselhos, pode ter certeza!

terça-feira, janeiro 15, 2008

Quer uma dica?

Não tem nada pra fazer? Te chamaram pra ir ver 'Meu Nome Não É Johnny', mas você já não aguenta mais o Selton Mello que chega a pensar que se engravidar uma mulher o filho vai nascer com a cara de sono do ator de tanto que seu saco está cheio dele? Então, aceite a dica de um filme. Melhor, filme não, de uma obra-prima esquecida pelo tempo. Senhoras e senhores, não sou Rubem Edwald Filho, mas confiem no meu gosto e assistam "Kiss in the Attack of the Phantoms", também conhecido como "Kiss meet the Phantom of the Park".

A parada é isso mesmo que vocês tão pensando, um filme estrelado pela maior banda de todos os tempos, o Kiss! A trama sem pé nem cabeça gira em torno de um cientista louco que habita um parque de diversões na Califórnia onde o Kiss vai se apresentar por umas três noites seguidas. Daí que o cientista fica puto e começa a raptar as pessoas e transformar elas em robôs (pois é, não tem muita explicação pro tal fantasma do título). O ponto alto é quando ele faz uns clones da banda e eles se apresentam tocando uma versão de Hotter Than Hell que incita a rapaziada do parque a quebrar tudo. Rebeldia pura e um puta substrato crítico sobre o papel do rock na sociedade norte-americana!

O nível das atuações é de fazer Malhação parecer uma companhia Shakespeariana (fora o Ace Frehley, que está num nível artístico ainda não compreendido pela mente humana) e a coisa toda fica tipo uma mistura de Jaspion com Scooby Doo. Os "efeitos" especiais são de tirar o fôlego. De tanto rir. Confiram uma cena e veja com que aula de cinema o Kiss nos presenteia:

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Fashion Rio: Eu fui!

"Num esforço antroposociológico me despedi da sociedade como a conhecemos para me embrenhar na savana moderna do mundo da moda há 12 dias atrás. Foi, sem dúvida alguma, uma jornada árdua, de horas embaixo de sol abrasador, sofrendo os efeitos do calor inclemente e do hype obtuso. O objetivo desse repórter era se misturar a fauna local o quanto seu senso de ridículo permitisse; não sei ao certo se minhas metas foram atingidas a contento, mas posso afirmar desde já que não sou o mesmo homem que partiu de casa no dia 4 de janeiro do corrente ano. A inocência de minh'alma foi dilacerada pelas garras do mundinho e o que meus olhos testemunharam queimarão para sempre em minha retina. O horror, o horror..."
- trecho retirado de documento apócrifo encontrado nos escombros de um blog pouco conhecido, 2007.

Para início de conversa escapa da minha mente a lógica de vestir um bando de meninas de 15 anos visivelmente desnutridas com pesados casacos, botas, camadas e mais camadas de tecido e fazer com que elas desfilem a luz do dia, numa temperatura de 40 graus. Ok, algum idiota da obviedade pode afirmar que é necessário essa inversão entre as estações e suas vestimentas apropriadas para que se consiga entender e produzir o que a plebe ignara usará e consumirá chamando de tendência na segunda metade do ano. Beleza, mas na boa, verão ou inverno, primavera ou outono, quem é que usa essas roupas sem ter comido meio quilo de cocô e batido a cabeça na parede três vezes?

Outro coisa que me impressionou foi a quantidade vagabundos de todas os tipos, idades e sexos que existe por aqui. Duas da tarde de uma terça-feira e haviam, molinho, umas quatrocentas pessoas vagando de lá pra cá na Marina da Glória. Você já foi a Marina da Glória? Bom, não é o tipo de lugar que você pode dar um pulinho ali do Centro na hora do almoço assim como quem não quer nada. Ou seja, quem foi não trabalha, é desocupado. Ou então é estudante de moda, o que não muda muito, é só alguém que está estudando pra se tornar um desocupado profissional. Some-se às desocupadas/madames e aos estudantes de moda/vagabundos alguns modelos, alguns jornalistas (não falei que tinha vagabundo de tudo quanto era tipo por lá?) e uma raça denominada stylists (pronuncia-se xtáilixtchi ou fresco) e você tem aí toda a fauna reinante do evento de moda. Na tentativa de ajudá-los no reconhecimento de fauna tão peculiar, reproduzo aqui mais um trecho do documento apócrifo recentemente encontrado por uma equipe de paleontólogos virtuais:

A Modelo, gênero feminino: Os animais dessa espécie são altas, magras e burras. Notoriamente conseguem caminhar com garbo e elegância, mas apenas para a frente, o que pode provocar acidentes fatais caso o desfile aconteça em um penhasco. Se comunicam em um dialeto próprio que mistura poucas palavras a um sotaque piracicabano/porto alegrense e expressões de língua inglesa. Podem ser encontraras nas cores branca, muito branca e cadavéricamente branca, o que leva a acusações de preconceito por parte de integrantes do movimento negro e dos fabricantes de Urucum-Bronze.

O Modelo, gênero masculino: Assim como suas companheiras de espécie, os modelos machos também são altos, magros e burros. Sua prsença é um tanto quanto rara, o que leva alguns estudiosos e zoologistas a tratarem-nos como uma raça ameaçada de extinção (eu propriamente considero esse tipo de conclusão bastante precipitada, já que alguns espécimes parecem gostar de procriarem entre si). O modelo é um animal angustiado pois sofre do mesmo preconceito de um Lulu da Pomerânia, por mais que ele seja macho, todo mundo pensa que ele é viado.

A Jornalista de moda: As jornalistas de moda são uma espécie sem graça, sem vergonha e sem um homem de verdade pra chamar de seu, por isso ficam criticando a roupa e a bunda de gente mais rica, mais nova e mais bonita que elas. Os animais dessa espécie podem ser divididos em duas classes: Os lilianpacces e as erikapalominos. Indentificá-los é muito fácil, quem não for lilianpacce, com certeza é a Érika Palomino. Tome cuidado com essa espécie, suas presas possuem peçonha e recalque suficiente para matar de raiva um elefante adulto (que - baaafo! - estava e-nor-me de gordo e cheio de celulites no desfile da colcci).

O Estudante de moda: O estudante de moda está no nível mais baixo da cadeia animal do mundo da moda. Todo mundo caga na cabeça e trata mal o estudante de moda. Existem duas classes dentro da espécie: As filhas de rico, que estudam moda por iniciativa dos pais para ver se entendem quanto custa aquele Oscar de La Renta que elas compraram com o cartão de crédito anteontem meio de impulso, e os Fashion Pobres. O estudante de moda fashion pobre decidiu fazer um curso técnico porque queria customizar as roupas que ele comprava no crediário da C&A e não sabia como. A mãe incentivou o estudante de moda fashion pobre porque trancado numa sala costurando ele se livrava da surra diária dos seus colegas de rua. Ambos os tipinhos vieram ao mundo da moda a passeio e só querem penetrar nos desfiles.

O Stylist: O stylist é um animal (!). Esse espécime, tal qual o pavão, é um bicho misterioso, vaidoso e cheio de nove horas. É também um adepto da camuflagem e dos truques (que eles chamam de trucagem) que visam confundir os demais bichos da fauna fashion. Você nunca sabe se ele apareceu vestido daquele jeito a sério, para zoar com a sua cara ou se apenas saiu de um baile à fantasia direto pro desfile. Os stylists são também conhecidos por seu temperamento irrascível, suas referências modernas e sua capacidade de se dar bem sem fazer esforço.

Cidade Maravilhosa

A mais completa tradução do Rio de Janeiro em vídeo. Atentem para as declarações aos 2:25m, de um substrato intelectual a toda prova, e o hino nacional das viações entoado com garbo e entusiasmo por todos aos 2:35 m. Isso é uma aula de antropologia moderna!