domingo, março 30, 2008

Se o cinema nacional daqui é assim...

E essa nova polêmica em torno do Glauber Rocha, hein? Não sei se os não-leitores d'O Globo ou os não-habitantes da muy hermosa Guanabara estão sabendo, mas umas semanas atrás o Marcelo Madureira do Casseta & Planeta num debate sobre cinema (sim, realmente, o que fazia Marcelo Madureira num debate sobre cinema, discorria sobre o filme do Seu Creysson? Enfim...) disse que Glauber Rocha era uma merda. Foi o suficiente para essa classe honrada que é a de diretores de cinema brasileiros se levantar em revolta contra a opinião alheia.

Um crítico de cinema chamado Dejean Magno Pelegrin, de quem eu nunca ouvi falar, disse que "as pessoas não podem dizer o que querem e depois ficar por isso mesmo". JU-RO! Não estou de sacanagem, um crítico de cinema acha que as pessoas não podem emitir opinião, afinal, onde é que nós estamos, né? Imagina se todo mundo começa aí a dizer o que pensa e ficar por isso mesmo, onde é que vai parar a autoridade de profissionais abalizados e mais perspicazes no entendimento de seja lá o que for, como o tal Pelegrin? Outra muito boa foi a declaração do Cláudio Assis, o cara que cometeu "Amarelo Manga". Segundo o rapaz, o Glauber Rocha é bom e pronto e não se fala mais nisso. Entenderam, né? Foda-se o que vocês acham, o cara é bom e pronto! Tenho pra mim que ele está tentando criar jurisprudência em casos de críticas negativas ao cinema nacional, uma bela forma de defender seus filmes de serem chamados do que são.

Mas o Cláudio Assis não parou por aí e ainda afirmou que merda mesmo é o Casseta & Planeta... O que não só prova que ele manja mais de humorísticos televisivos do que de dirigir filmes, mas também me deixa meio dividido. Pô, por mais acertada que tenha sido a declaração do diretor, o comentário do Marcelo Madureira foi a primeira coisa em anos dita por um membro do Casseta & Planeta com a qual eu concordei ou achei uma leve graça. Enfim, para os Claúdios Assis, Cacás Diegues, Pelegrins e quejandos só me resta dizer o seguinte:

terça-feira, março 25, 2008

O gnomo argentino

Gente, e o gnomo argentino, hein? Alguém viu o vídeo que, ao que parece, está bombando no youtube, sobre o gnomo filmado passeando de noite na rua de uma cidadezinha da Argentina? Pois é, pra quem não viu, é esse vídeo aí embaixo. Vão lá, assistam, é rapidinho....


Viram? Então, o que me despertou curiosidade não foi a veracidade do bicho. Tipo, caguei pratos pra existência ou não de gnomos, duendes, leprechauns, ogros e o caralho a quatro. O que me deixa realmente curioso é por que essas maravilhosas descobertas nunca são registradas por gente capaz? E capaz, assim, em todos os sentidos. Na boa, eu nunca vi um vídeo (fosse do monstro de Loch Ness, do Sasquach ou do ET de Varginha) que tenha sido filmado por alguém que entendesse de foco ou angulação! É sempre uma merda onde você tem que acreditar muito que aquela porra de borrão é um alienígena, um monstro ou o Elvis Presley fazendo compras de cuecas.

E por que esses vídeos sempre vêm de lugares inóspitos? Esse veio de Salta, uma província no extremo norte da Argentina... Puta lugarzinho merda pra um gnomo resolver dar as caras, hein?! Sério, se eu fosse uma criatura meio mística ou uma anormalidade maravilhosa, sabe quando que eu ia querer passar despercebido? Má nuuuunca! Ia tratar de aparecer no meio na torcida do Flamengo, em dia de final com Fla x Flu. E ainda seguraria um cartaz escrito "Galvão, filma nóis! Eu já sabia!".

Outra coisa que é bem comum nesses vídeos é que quem filma ou divulga nunca é, digamos... alguém em quem você acreditaria de olhos fechados. Pode reparar, são sempre umas figuras com pinta daqueles seguidores de Raul Seixas, seja nas excentricidades ou só no apreço por aquela que matou o guarda, if you know waht I mean. Olha a pinta dos meninos desse vídeo, a-pos-to que tavam na rua aquela hora fumando droga e pichando muro. Aposto!



segunda-feira, março 24, 2008

Separados no nascimento: Nobody cares edition

Fernando Meirelles, o diretor de sucesso que paga mal seus estagiários

E um dos caras daquele Mythbusters que eu não sei o nome (É o de óculos, não o que se parece com um art fag francês esteriotipado)

sábado, março 22, 2008

Invejinha branca

Dentre as muitas coisas que eu invejo na vida dos outros, uma em especial faz questão de me bater na cara toda vez que eu entro nas fotos do orkut de pessoas totalmente ou quase desconhecidas (o que ocorre com frequência anti-natural, admito). Sim, porque esse é um vício que preciso confessar, eu passo horas de minhas noites insones decifrando o comportamento de estranhos através das fotos que eles postam. E as que eu mais adoro e admiro são aquelas montagens lindas, geralmente do rosto da pessoa (em 99,9% dos casos, uma menina) com uma paisagem idílica em tons de lilás, uma rosa e uns grafismos meio líricos. A legenda dessas fotos eu até decorei: "montagem que fulaninho (em 99,9% dos casos, é um infeliz que não pega mulher) fez pra mim. Adorei!" seguido de diversos emoticons.

Não por acaso, essas meninas que tem fãs no próprio orkut que se dispõem a fazer esse tipo de mimo no photoshop são as mesmas que possuem comunidades como "Sua inveja é o combustível do meu sucesso", "Eu não me acho, eu tenho certeza" e "Sou legal, não tô te dando mole!". Ah sim, elas também fazem parte daquelas exclusivas tipo "Só Gatas - Orkut VIP" e se definem através de uma música do Lulu Santos ou " eu sou daquelas que tu gosta na primeira, se apaixona na segunda e perde a linha na terceira", do poeta maior dessa geração. Um lance, tipo assim, de nível.

Será que é por não ter tais predicados que eu nunca ganhei um presentinho desses? Sério, fica a dica, hein?! Quem quiser me agradar pode fazer uma montagem minha que eu deixo, tá?! Já até separei uma boa quantidade de fotos em poses meigas para vocês usarem à vontade.*



*(Preciso de amigos urgentemente, tá foda... Por favor, olhem pra mim!)

Beast-lazy


Dentre as muitas coisas que eu não compreendo sobre o Ozzy Osbourne, o porquê dele ter querido se fantasiar de bicho-preguiça macabro pra fazer essa capa continua em primeiro lugar depois de todos esses anos.

terça-feira, março 18, 2008

I don't wanna hear it

Pequeno compilado de frases que, caso eu fosse rico e/ou ditatorial o bastante, ordenaria que fossem sumariamente proibidas:

"O importante é entrar respeitando o adversário e saber que o importante é garantir os três pontos...", dita por algum jogador de futebol tentando parecer concentrado - Primeiramente porque é de um cinismo atroz um jogador que não preza nem o próprio sobrenome e não cansa de fazer merdas colossais vir falar justamente em respeito. Além do mais, é ignorantemente óbvio dizer que o importante são os três pontos. Ou eles acham que alguém na vida real levava à sério o Barão de Cobertin?

"Somos uma banda de rock, simplesmente. Esses rótulos são uma invenção da mídia", dita por algum integrande de banda horrível publicamente envergonhado com sua carreira pregressa - O que me irrita nessa frase é que se auto-classificar como 'banda de rock' é tão abrangente e vago quanto responder "sou terráqueo" ao perguntarem sua nacionalidade. Rock nada, você é emo, EEEEEEMOOOOO!!! Aceite a realidade.

"Cara, o Marcinho é quem mais joga na casa. Ele é muito jogador, é que a edição favorece quem quer!", dita por algum ex-participante do Big Brother Brasil eliminado prematuramente - Aqui a coisa é uma questão de falta de aviso: O programa é um jogo. A coisa mais corriqueira, natural e óbvia é que jogadores joguem quando em um jogo, porra! Na boa, nem para o QI de um participante de reality show da TV Globo é difícil captar isso, né?!

"Pra essa coleção eu me inspirei em Toulouse-Lautrec e nas formas bem delineadas dos figurinos dos cabarés. Há também uma clara referência do grafite e da música Disco, além de anotações do meu diário e em Bené, meu gatinho", dita por algum estilista mutcho loco em entrevista ao GNT - Convenhamos, dado o tipo de pessoa que leva moda à sério, seria bem mais digno responder simplesmente que não sabe o que é aquilo, que rabiscou qualquer coisa, cortou uns panos e jogou em cima de um bando de modelos. E foda-se!

"O cinema norte-americano vem dando claros sinais de esgotamento há pelo menos vinte anos, e essa premiação do Oscar é a prova incontestável!", dita por - quem mais? - José Wilker na transmissão do evento - Além de uma preguiça tamanha para tudo que o José Wilker faz, diz ou representa, o que me irrita nesse tipo de declaração é a dor-de-cotovelo mal disfarçada. Pois é, Zé, bom mesmo era "O Homem da Capa Preta"... NOT!

"Adorei o filme! Ele é ótimo, recomendo. O cinema nacional está de parabéns", dita por algum ator da Globo ao Video Show - Nem tanto pela falsidade, mas pelo corporativismo desavergonhado. Ou alguém realmente crê que um ator de novelas foi assistir "A Máquina", "O Coronel e o Lobisomem" ou "O Homem que Enganou o Diabo" por livre e espontânea vontade e não fez todos esses elogios apenas por se tratar de uma produção da casa, com atuação e direção dos seus colegas e superiores?

sexta-feira, março 14, 2008

Eu leio a edição nacional da Rolling Stone, tá?!

Acabei de comprar a Rolling Stone desse mês. É com um pouquinho de vergonha que eu admito que achei bonito os irmãos Cavalera terem se reconciliado. Acharia mais bonito se eles tivessem se reconciliado e torpedeado o Sepultura, mas enfim... O que me impressionou mesmo foi comprovar na foto que o Max, depois de anos e anos batalhando nos campos da baranguice, virou uma mistura de HR com Naná Vasconcelos. Só que branco! Bizarro, cara cansada e colarzinho de conta de um, dreads e pinta de mendilouco do outro. E aproveitando o ensejo, já que eles voltaram a se falar, o Max como irmão mais velho tem o dever, o DE-VER!, de obrigar o Igor a retirar imediatamente o segundo G do seu nome! Bicho, se fosse um dos meus irmãos, aaaah...




- Meu nome é Áigggggggggor!

-The bourgeiosie had better watch out for me!



E uma dúvida? O que será que acontece se publicarem UMA edição da revista que não traga nenhuma menção ao CSS ou ao Bonde do Rolê? Será que ela se auto-decompõe, explode antes de chegar na banca? Estou desconfiado de uma versão hype do velho caso Rock Brigade/Angra.

Tipinhos cariocas

Antevendo tal qual um Nostradamus tatuado o final da cidade do Rio de Janeiro como a conhecemos, decidi catalogar aqui alguns espécimes tipicamente carioqueiros para que, sei lá, no futuro isso ajude alguém a entender como a gente viveu e, mais importante, porque essa merda aqui afundou! E como sou um rapaz educado, que estudou em colégio religioso e tirava dez em Moral e Cívica, iniciarei esse estudo aprofundado pelos espécimes mais antiquados, mas ainda vivos e bem característicos de nossa fauna. Senhoras e senhores, vos apresento o coronel reformado copacabanense:

O coronel reformado copacabanense (figueiredus praianus) é uma das mais típicas figuras litorâneas do Rio. Encontrado em profusão no famoso bairro da zona sul, dividindo seu espaço nas calçadas com pombos, travestis, piranhas da Help e demais aposentados, tal figura é facilmente reconhecível pela vestimenta. Uma sunga. Exatamente, abdicando da formalidade dos tempos de caserna, o coronel reformado reduziu a indumentária ao extritamente necessário, a saber: uma sunga, tênis de correr com meia e um óculos escuros estilo Figueiredo (e o mais incrível está na dicotomia de considerar a meia essencial quando todo o resto se tornou supérfulo para ele). E pra que mais, não é verdade? Assim paramentado, o coronel reformado está pronto para frequentar a rede de vôlei do Posto 6, ir a padaria de manhã, comprar o jornal e fazer suas longas caminhadas pela orla.

A caminhada pela orla é, juntamente com o jogo de peteca e os almoços no Clube dos Marimbás, uma das três atividades principais do coronel reformado copacabanense. É em meio a essas atividades, sempre na companhia de outros oficiais da velha guarda, que o coronel pode discursar sobre a atual situação do país, sobre a quantidade de mendigos infestando as esquinas do bairro e combinar uma votação coletiva no Jair Bolsonaro para as eleições vindouras. O coronel reformado copacabanense ainda sonha com a volta do regime militar pra dar um jeito nessa zona.

A preocupação com o futuro e a saudade de quando ele mandava torturar uns universitários subversivos e dar sumiço nuns mendigos povoam a mente do coronel. Ah, e a época de sua junvetude, onde a diversão era mais ingênua e sadia! Aqueles tempos onde as meninas eram curradas nas festinhas e os garotões se reuniam pra espancar viado no Arpoador. Hoje em dia o coronel se queixa muito do rumo que seus netos andam tomando na vida. A garota sai toda noite com umas roupas esquisitas e só volta de manhã, já o netinho tem umas companias estranhas e agora decidiu fazer design na PUC. Assim o coração do coronel (que é safenado) não aguenta!

Mas o coronel reformado copacabanense é antes de tudo um bravo e não esmorece. Conta com o fiel apoio de sua esposa, dona Lila - Aliás, a esposa de coronel merece um capítulo a parte. Quer dizer, um capítulo não, um sub-capítulo... Ou uma notinha de rodapé. Apesar dos pesares, o coronel reformado copacabanense vai continuar acordando cedo, vestindo sua sunga, confabulando com os aposentados da roda de buraco do Posto 6 e dando ordens no porteiro, que ele nunca viu, mas tem certeza de que bebe no serviço e dorme escondido.

quinta-feira, março 13, 2008

Parem as rotativas!

O REM acaba de lançar o primeiro clipe de seu novo álbum que só sairá dia 1º de abril. Há alguns meses o Radiohead numa atitude inovadora disponibilizou seu novo disco na internet para que os fãs pagassem o que considerassem justo por mais essa obra do quinteto britânico. Parecido fez o projeto de Trent Reznor, o Nine Inch Nails, que disponibilizou cinco músicas de seu novo projeto gratuitamente para os fãs no site da banda. Há também a possibilidade de, por apenas cinco dólares, se comprar todo o álbum digitalmente.








Em nota paralela, Luiz Menezes, editor solitário desse blog, declarou "Foda-se, estou muito ocupado ouvindo Artillery!"

segunda-feira, março 10, 2008

Um é dois, três por cinco real

Não é que andar de ônibus seja de todo ruim. Há sempre a excitação de não saber se você será assaltado, se o motorista é um suicida, se ele vai querer parar no seu ponto, se ele vai mesmo cumprir o itinerário sem tentar um atalho que exclui justamente o seu destino ( já passei por isso duas vezes). Enfim, andar de ônibus é uma experiência lúdica e cheia de surpresas, uma espécie de bingo automotivo! Chato é só mesmo aquele cara que entra sem pagar passagem pra vender doce.

Assim, do ponto de vista mercadológico-cameloeiro é a melhor invenção do século. Pensa, você consegue inserir um vendedor - e não um vendedor qualquer, um com uma puta capacidade de convencimento pela repetição - num trajeto entre o ponto A e o ponto B feito a uma velocidade média de 50 kms/h. Se vivessemos numa sociedade de pedestres, seria como ter a compania de um queniano te empurrando caneta, chokito e bala de iogurte enquanto você tenta disputar uma maratona.

O vendedor geralmente aparece quando você menos imagina e nos horários menos prováveis. Afinal, quem é que tem estômago para torrone argentino às 8 da manhã? E quem vai se importar com a porra de uma caneta Big (isso mesmo, a caneta é Big e não Bic, pode reparar!) quando está cansado voltando pra casa? Mas é "o passatempo da sua viagem e a alegria das suas criança"(SIC). Sério, sabe qual seria um excelente passatempo pra minha viagem? NÃO ter alguém me empurrando o delicioso bombom de leite condensado, pacotes de bala de café e um suspeitíssimo Suflair - aquele mesmo que "nas lojas Americanas e padarias, senhores, vocês encontram por três reais, mas na minha mão, senhores, três é cinco".

Todo o potencial de concretizar o negócio está no discurso do vendedor. Ou ele é tão chato, repetitivo e num tom monocórdico que você compra só pra ver se ele pára de falar, ou é feito na base da intimidação subjetiva. Esse é o meu preferido, tenho que confessar. "Eu podia estar roubando, matando ou pedindo, mas estou aqui, senhores, vendendo a deliciosa bala de caramelo..."; Quer dizer, ele podia estar aí roubando... você!, mas decidiu só te vender uma balinha. Você vai desagradar um cara que entre te matar e vender doce ficou com a segunda opção? Eu não, na boa.

sexta-feira, março 07, 2008

Vá ao teatro, mas não me chame

Ator de novela brasileiro é algo que invariavelmente provoca todo um manancial de vergonha alheia. Mesmo calado, parado, fazendo alguma pose imitada de um astro de Hollywood pro Ego, já é um lance extremamente constrangedor. Depois que essa onda de 'celebs' virou uma febre mundial então, a coisa só piorou! Sério, pior do que ver uma foto de uma gêmea Olsen vestida como uma mistura de grunge, mendigo e fantasminha Pluft de festa de aniversário, só mesmo ver a Deborah Secco tentando ser uma versão pixulé disso aí. Agora, onde o ator de meia-tigela realmente se supera na capacidade de criar um train wreck da cara de pau é quando ele decide se aventurar no teatro.

Puta que me pariu, deveriam reanimar o Nelson Rodrigues somente para que ele saísse das tumbas e cuspisse em cima de todos esses clichês teatrais que atores obtusos da Globo adoram repetir macacamente como se fosse algo genial. Começando pelo fato dessas montagens serem uma puta armação, um lance feito para arrecadar grana, sem a menor interação entre os atores e a realização do texto. Chama a gostosinha que tá fazendo um papel de época na novela das seis, aquele galã meio esquecido, arruma um texto bacana e chama o João Falcão pra dirigir com cenografia da Bia Lessa. Pronto, taí o espetáculo montado e com fila na porta.

Assim, nada contra armações. Caguei pra essência e a pureza do teatro, mas já que o lance é todo um grande engodo, não rola de poupar a gente do discurso de atriz/ator realizado pela experiência transcendente? Ou ao menos inventar uns novos, porque eu juro que eu vou sangrar pelas orelhas a próxima vez que ler a fulaninha recém-saída do posto de Rainha de Bateria da escola de samba tal dizendo que "o teatro é onde eu me encontro nesse ofício lindo que é a profissão de ator". Dói, dor física, aguda e lancinante na parte frontal do cérebro, ouvir mais um merda que não deu certo como abdomen sarado dizendo "No teatro não há vaidades, aqui somos todos palhaços divinos!". Como diria um amigo meu "Páááára, por favor! Eu tenho doença, isso dói em mim!".

Outro dia no carderno de cultura uma atriz dava a seguinte declaração "Antes de pisar no palco, peço a permissão aos deuses do teatro". Alô minha filha, então, te disseram que você tá apresentando uma peça em TEATRO DE SHOPPING-PING-PING?! Vai por mim, muito provavelmente não tem nenhum deus escondido pelos corredores do Shopping da Gávea, viu? Pede permissão só a sua falta de vergonha na cara e cai matando. O que falar também de outra recente declaração de um ator que do alto de seu bom gosto afirmava que gostava de se concentrar ao som de Edith Piaf, de quem ele virou fã depois de ver o filme? Sério é tanto lugar-comum que ver o diretor da peça em questão falando que para ele "teatro é ritual" passa batido.

Eu queria ver mesmo era essa galera que gosta de brincar de teatrinho para produzir algum tipo de profundidade artística e aparecer em coluna social vomitando frases como "fulana é uma personagem mágica", "a aura do teatro é grandiosa" ou "fazer Nelson é um desafio, mas também uma bênção" caindo nas mãos de um porra louca tipo Cleso Martinez Corrêa. Vai fazer sexo grupal, ensaio de oito horas, se esfregar na lama, apresentar peça no sertão e depois vem me contar o que os deuses do teatro acharam da sua experiência, ok?

terça-feira, março 04, 2008

Fui querer ser simpático

Na academia, correndo na esteira, avisto uma ex-frequentadora assídua um tanto mudada pela ação do tempo. Resolvo puxar papo:
- E aí, tá grávida de quantos meses?
- Oi?
- Você... Grávida. Quanto tempo?
- Há quatro meses...
- Ah, ainda tem quatro meses? Achei que já tava pra nascer.
- Não, não. Nasceu há quatro meses já!
- ...






- Poxa, olhando assim ninguém diz. Cê tá ótima!

Nota mental: Nunca mais puxar papo com desconhecidos.