domingo, agosto 31, 2008

We're the youth of yesterday

Toda vez que eu assisto a Mtv (e, devo admitir, isso está se tornando raro desde minha chegada a Terra da Garoa), eu reflito sobre a condição humana, a posição do homem frente ao mundo e, acima de tudo, sobre a degradação de nossa juventude. Não que, quando adolescentes, eu e minha geração tenhamos sido muito melhores no quesito "parecer o mais próximo possível com um ser humano de verdade", mas a coisa degringolou a níveis preocupantes no que concerne ao debilmentalismo jovem. E vocês querem saber de quem é a culpa? Pois eu lhes digo, blame Hollywood! Ou melhor, culpem os novos redatores de filmes e séries de Hollywood!

Se você, assim como eu, foi criado por pais meio ausentes (desculpe mamãe, eu entendo que você fez o seu melhor) e ouviu mais conselhos do He-Man que do seu velho, deve ter em mente que os seriados, desenhos animados e filmes dos anos oitenta tiveram um grande papel na construção de nosso caráter e persona. O que nós somos e o que nós - crias da década em que os fugazes anseios adolescentes ainda não pautavam o mundo do entretenimento - desejamos, é fruto direto do que assistimos na sala escura ou na sala de casa há vinte anos atrás. Bom, talvez eu esteja me projetando um pouco e, no final, seja só eu, mas não consigo deixar de relacionar essa minha visão de um mundo onde tudo é possível e eu posso conseguir o que eu quero (apesar de muito pouco ter feito nesse sentido) com o que foi bombardeado no meu cérebro dos 5 aos 12 anos.

Façam um esforço de memória. Nos anos 80, nós fomos compelidos a crer que podíamos ser cirurgiões, nos tornar campeões de karatê apenas com a ajuda de um velho vizinho oriental, sermos mestres ninjas que ajudavam a prender bandidos perigosos, invadir o computador do Pentágono com um potentíssimo 386, sermos recrutados para um esquadrão espacial baseado nas nossas habilidades nos arcades, ou mesmo viajar para o passado, salvar a vida de toda sua família e ainda debulhar um rock na festa de formatura dos seus pais. E tudo isso sem nem termos nos formado no colégio! Porra, os anos 80, na verdade, diziam que as maiores aventuras que poderíamos ter, aconteciam justamente quando matávamos aula.

Nos anos 90, por sua vez, com a geração grunge e a entrada da Mtv no mundo do cinema, a idéia de jovens e crianças que podiam voar, ser andróides, ter amigos cientistas loucos com o dobro de sua idade ou criar mulheres no computador de casa, começou a ser substituída por uma galeria de vagabundos que não faziam nada além de vagar por subúrbios com camisas de flanela e cabelos coloridos reclamando de seus amores, seus trabalhos ou do clima de Seattle ao som de Ugly Kid Joe. Foi também a época em que os redatores descobriram que podiam falar de drogas para adolescentes e transformaram a maconha em um prop de comédia. E dá-lhe Kids, Wayne's World II e My So Called Life com um Jared Leto pré-emo!

Mesmo que nós tenhamos vivido nossa adolescência na deprimente década passada, ao menos tivemos aquela forte base moral construída pelos Transformers, B.A., McGiver, Indiana Jones e Howard, o pato super-herói. Imagina como é pra meninada que foi criança nos anos 90 e agora tem que crescer com Harold & Kumar Goes to White Kastle, American Pie III e Dois Doidões em Harvard!? Sério, se isso não é motivo suficiente para a proliferação de excremências do quilate de Soulja Boy Tell' Em, franjinhas, calças apertadas e festas de psytrance, eu nem quero imaginar o que pode ser! Prefiro morrer com a idéia de que a juventude (e a humanidade como um todo) não é tão estupidamente patética, nem involuiu tanto quanto supôs Mark Mothersbaurgh. Só fico pensando como vão ser os adolescentes de 2015...

quinta-feira, agosto 28, 2008

Separados no nascimento - Freaking cat people edition

Gente, e a Marta Suplicy? Outro dia levei até um susto ao ver a mãe do Papito na TV fazendo campanha pelo governo de São Paulo. Não sei se foi pra seguir a tradição de pagar micos constrangedores perpetuada pelo lado masculino da família, mas a madame/ex-prefeita/sexóloga aplicou tanto botox, mas tanto, que agora está a cara do Tigra, do Thundercats! Duvidam? Pois comprovem vocês mesmos:



the thundercat ho'



Esse herói não é uma velha senhora petista

domingo, agosto 24, 2008

It's a grey world!

O mundo, como vocês devem saber, mas não devem dar a mínima, pode ser dividido em dois. Mas não estou falando tão somente da propalada dicotomia Ocidente/Oriente, Ying/Yang, Israel/Palestina ou aquela que verdadeiramente dividiu um país, semeou a discórdia entre famílias inteiras e, por muito pouco, não foi responsável por uma guerra de proporções épicas, entre quem achava Emilinha Borba a maior de todas e quem era macaca de auditório da Marlene.

A verdade é que somos capazes de entender e dividir oceanos de pessoas que vivem nesse mundo através de escolhas tomadas em relação aos mais prosaicos e vulgares acontecimentos. Bem, pelo menos eu sou e, portanto, lhes apresento uma lista sobre idiossincracias que me fazem decidir de que lado da linha vou ficar e, mais importante, com QUEM vou ficar ali:

1- Gente que torce para o mesmo time não interessa onde esteja e gente que tem um time em cada lugar:
Que me perdoe meu amigo Daniel, o único rubro-negro esclarecido que tive o prazer de conhecer, mas esse negócio de dizer que no Rio é Flamengo, em Minas é Cruzeiro, em São Paulo torce pro Juventus e no Paraná é Batel desde criancinha, é coisa de gente com sérios problemas de retidão de caráter. Pior, é coisa do Oscar! Ele mesmo, o Mão Santa, que torce pro Corinthians, pro Náutico e, para minha vergonha e dor, pro meu Fluminense. Sério, não é como se fosse impossível dedicar seu tempo, sofrimento e paciência a um único time ruim. Porra, é justamente por isso que foi criado um campeonato nacional, oras!

2- Gente que chama o Faustão de Faustão e gente que chama o Faustão de Fausto:
A despeito do fato de que se dirigir ao apresentador não importando por qual alcunha você o chame é igualmente excremencial, pois significa que você quis ou foi obrigado a comparecer ao Domingão do Faustão, creio que é possível traçar uma fina linha discriminatória entre esses dois tipos. Pô, quem chama o Faustão de Faustão ao menos está encarando o gordalhão como uma figura televisiva distante, se colocando no lugar do telespectador comum. Já quem chama o ex-Perdidos na Noite e Safenados e Safadinhos de Fausto quer insinuar uma certa intimidade, seja com o apresentador em si, seja com o estrelato global em geral. Coisa de filhos da puta do quilate de um Marcos Frota, por exemplo.

3- Gente que cita Seinfeld em conversas com os amigos e gente que cita Friends:
Numa boa, essa é auto-explicativa. Porra, é como querer comparar quem gosta de chocolate e quem prefere um pirulito de cocô! Seinfeld é não só uma das melhores séries televisivas já produzidas, como também um manancial de excelentes citações pop-filosóficas sobre o mundo, as pessoas, suas crenças e toda a indústria cultural do século XX em diante. E Friends? Friends é uma reunião de piadas fáceis e situações óbvias, feitas sob medida para entreter e divertir adolescentes que desejam levar aquela vida quando crescerem. E nem me façam entrar na área de comparação dos personagens, né? Ou vocês acham que dá pra colocar frente a frente a complexidade e profundidade loser de um George Constanza e a debilidade yuppie e o sarcasmo de filme B de um Chandler Bing? Porque se você realmente acha isso, nem sei o que você faz lendo esse blog.

4 - Gente que sabe que a trilogia parou no Retorno de Jedi e gente que gostou de A Ameaça Fantasma:
Eu sei que essa espécie é muito rara de se encontrar, mas acreditem, eu já me deparei com gente condescendente o bastante para aturar a existência de Jake Lloyd, personagens e cenário gerados por computador e daquelas merdas vergonhosas de midclorians. Além, é claro, de desesperadamente buscar explicações pros milhares de furos no roteiro em relação a estória predecedente. Acho que aqui a incompatibilidade e a incapacidade de viver no mesmo local é tanta que não é nem caso de dividir o mundo, mas achar um mundo só pra eles e mandá-los pra lá num foguete; Conduzido pelo Jar Jar Binks, de preferência. Porque, podem estar certos, quem gosta da nova trilogia é gente que prefere o Van Halen com Sammy Hagar, pira na fase sem máscara do Kiss, ouvia Black Sabbath em 95, curte o Use Your Illusion, rasga dinheiro, lambe sabão, é feio, bobo e cara de cocô.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Andando pelas ruas de São Paulo

Apesar de estar aqui há exatos dez dias, só agora tive tempo e saco para sentar e escrever sobre minhas primeiras impressões a cerca do cotidiano de São Paulo. Acho que só me movi a fazê-lo também porque estou preso no trabalho esperando dar 21:00hs para um caminhão chegar aqui e ser carregado (Obrigado, seu Kassab, obrigado!).

Enfim, meus dias até que tem sido bem divertosos, graças a casa do Pedro, AKA Animal House. Chez Pedro, pra quem não está familiarizado, é uma mistura de bolsa do Gato Félix e laboratório do Professor Pardal. Tipo assim, você acha de um tudo, o funcionamento é perfeito e coisa e tal... Só que nada está no local que deveria, a ordem e a arrumação foram banidas e há uma fina camada de dois dedos de poeira sobre quase tudo. Por exemplo, eu me deparo com compilações de zine fazendo compania pra uma seringa velha quando vou ao banheiro; Debaixo da minha cama, vive uma colônia de biografias de roqueiros, uma mala velha e, desconfio, um sxe novaiorquino safra 88 que sobrevive de farelos de comida e cds velhos; A cozinha esconde temperos e aromas de quase todos os lugares do mundo (muitas vezes, de uma vez só); E tem os vinis... Ah, os vinis! Fileiras e fileiras de reprensagens psicodélicas, pepitas de ouro do thrash metal e raridades do punk/hardcore que valem uns bons trocados. Aliás, os vinis são única coisa realmente organizada lá. Isso e a coleção de HQs dos irmãos Hernandez, minha descoberta mais querida até agora e também minha distração diária no trajeto Pinheiros-Aclimação-Pinheiros.

Óbvio que nem tudo são flores, as saudades que sinto da boa vida lá de casa e, principalmente, da minha mulher são terríveis, e só pioram pelo fato de proibirem arbitrariamente o MSN e o orkut no trabalho (como se eu não soubesse outras 97 formas de passar o tempo aqui sem ninguém perceber!). Ah, e tem o gato... Pois é, divido o apartamento com o Pedro e com uma gata preta e branca que atende pelo nome de Tootsie. Tenho certeza que, bicho traiçoeiro que é, Tootsie não vai com a minha cara e faz questão de cagar na cozinha toda vez que eu chego, empesteando o ambiente. Fora isso, morro de medo que ela me passe toxoplasmose e mije nas minhas roupas. Ou pior, mije nas do Pedro e diga que fui eu! Meu roomate diz que é impressão minha, que o gato não fede, não vai tentar engolir minha alma se eu dormir com ele no quarto de boca aberta e, definitivamente, não está disputando sua atenção comigo. Pelo sim, pelo não, ando dormindo de porta trancada.

Outra ajuda de grande valor que tenho recebido em ordem de não cometer o suicídio nuclear provocado pelas saudades de Tamara, do BB Lanches e do tratamendo VIP que gozava morando com minha mãe, vem dos amigos e parentes que já habitavam a terra da garoa. É impressionante, mas gente nova morando numa cidade estranha é tratada como uma espécie de orfão, né? Todo mundo te chama pra sair, convida pra visitar a casa, pergunta se você está bem, se está se adaptando, se o emprego é legal, se o clima da cidade é do seu agrado... Se eu soubesse disso, teria me mudado mais cedo ou, melhor ainda, ficaria mudando de cidade a cada três meses, adulando minha carência a pires de leite. Bia Bonduki, por exemplo, nem sabe, mas salva todas minhas noites desde que me emprestou a caixa de Freaks & Geeks; O Lima que nunca me ligou na vida pra dar um passeio, me chamou pra sair TRÊS VEZES num período de dois dias; E todo dia tem alguém nos visitando na Animal House, o que confere um clima de participação especial em seriado dos anos 80 a minha semana (falta só um bordão e instalar uma claque no batente da porta).

Sei que assim que Tamara estiver por aqui me fazendo companhia, tudo vai ficar mais prazeroso. Até lá, vou me divertindo com a presença espirituosa, os comentários, discos e livros do Pedro, as visitas da Bia, as saídas com a rapeize, os prováveis ensaios com o Lima e a possibilidade de sempre matar trabalho escrevendo nesse blog. Espero só que até lá eu não tenha virado um desses "carioca-babaca-que-se-mudou-pra-sampa" típicos, daqueles que andam fantasiados de Rio de Janeiro em São Paulo, dizendo que gosta de praia, funk e pagode e falando gírias forçadérrimas, mas que ao cruzar a fronteira começa a falar mal do Rio e dizer que está contente em fazer parte da locomotiva do Brasil.

sexta-feira, agosto 01, 2008

Jared Leto não quer a fama

Eu sei que nem nova essa notícia é, mas o abalo e a incompreensão não arrefecem. Digam-me vocês, o que leva um cara como o Jared Leto, reconhecido por sua dedicação e talento no cinema, visto como galã por 9 entre 10 mulheres que foram adolescentes nos anos 90, eleito por dois anos um dos homens mais sexys do mundo e com uma lista substancial de filmes de sucesso, a decidir virar emo depois dos trinta anos (sim, meninas, Jared Leto é hoje um senhor de 37 anos de idade)?

Ok, muita droga na mente. Mas fora isso, ele não tinha um assessor, empresário, ao menos um parente que dissesse a ele "olha, fofinha sua síndrome de Peter Pan, mas não dava pra escolher um estilo que pelo menos alguém ainda leve à sério... E tentar fazer tudo de forma um pouco menos caricata?". Bem, ao que parece um toque familiar não seria dos mais eficazes, visto que seu irmão toca bateria na banda e seu pai, preso por cometer diversos tipo de crimes, não é exatamento o tipo a quem você pede conselhos, né?!

Longe de mim querer fazer intriga, mas o cara tinha a reputação inabalada até vir dar uns bordeios numa certa cidade litorânea brasileira, num certo fim de ano, com uma certa escritora-mutcholóki-fugaláçica... Pode até ser coincidência, mas foi logo depois disso que Jared apareceu de cachecolzinho, delineador e luvinhas cortadas fazendo rock baixos teores ridikly e constrangedor. Procurada para dar sua versão dos fatos, a escritora não respondeu porque está muito cansada devido a enorme quantidade de shows que frequenta.