segunda-feira, março 10, 2008

Um é dois, três por cinco real

Não é que andar de ônibus seja de todo ruim. Há sempre a excitação de não saber se você será assaltado, se o motorista é um suicida, se ele vai querer parar no seu ponto, se ele vai mesmo cumprir o itinerário sem tentar um atalho que exclui justamente o seu destino ( já passei por isso duas vezes). Enfim, andar de ônibus é uma experiência lúdica e cheia de surpresas, uma espécie de bingo automotivo! Chato é só mesmo aquele cara que entra sem pagar passagem pra vender doce.

Assim, do ponto de vista mercadológico-cameloeiro é a melhor invenção do século. Pensa, você consegue inserir um vendedor - e não um vendedor qualquer, um com uma puta capacidade de convencimento pela repetição - num trajeto entre o ponto A e o ponto B feito a uma velocidade média de 50 kms/h. Se vivessemos numa sociedade de pedestres, seria como ter a compania de um queniano te empurrando caneta, chokito e bala de iogurte enquanto você tenta disputar uma maratona.

O vendedor geralmente aparece quando você menos imagina e nos horários menos prováveis. Afinal, quem é que tem estômago para torrone argentino às 8 da manhã? E quem vai se importar com a porra de uma caneta Big (isso mesmo, a caneta é Big e não Bic, pode reparar!) quando está cansado voltando pra casa? Mas é "o passatempo da sua viagem e a alegria das suas criança"(SIC). Sério, sabe qual seria um excelente passatempo pra minha viagem? NÃO ter alguém me empurrando o delicioso bombom de leite condensado, pacotes de bala de café e um suspeitíssimo Suflair - aquele mesmo que "nas lojas Americanas e padarias, senhores, vocês encontram por três reais, mas na minha mão, senhores, três é cinco".

Todo o potencial de concretizar o negócio está no discurso do vendedor. Ou ele é tão chato, repetitivo e num tom monocórdico que você compra só pra ver se ele pára de falar, ou é feito na base da intimidação subjetiva. Esse é o meu preferido, tenho que confessar. "Eu podia estar roubando, matando ou pedindo, mas estou aqui, senhores, vendendo a deliciosa bala de caramelo..."; Quer dizer, ele podia estar aí roubando... você!, mas decidiu só te vender uma balinha. Você vai desagradar um cara que entre te matar e vender doce ficou com a segunda opção? Eu não, na boa.

5 comentários:

Unknown disse...

AHAHAHHAHAHA! mto bom, mto bom!

mari disse...

Fazia tempo que não entrava aqui...
Fiquei lendo um monte de coisa antiga, rindo pra caralho e tradu que é bom, nada!

Menezes, o cretino disse...

Opa, sempre um prazer! Apareça mais vezes e comente sempre.

Bia Bonduki disse...

dieter: gotta love him.

A. disse...

ah na minha opinião pior que o vendedor são os loucos que (sempre!!!!!) resolvem puxar assunto comigo: uma velha já comecou a rir e falar do boto (?), uma pessoa q eu naõ conheco perguntou como ia a minha família em sao pauloa ( e eu tenho realemtne família lá), um guri pegou um caderninho e desenhava bolinhas e quadrados sem nexo algum, um cara tentou falidamente me cantar durante toda a viagem (sempre q o vejo no onibus me encolho toda), um cidadão me falou q tianh uma barco e disse pra eu ir lá deu endereço e tudo mais, e uma pessoa conversou comigo do leblon ao centro da cidade não reaparando que eu estava lendo um livro e escutando música.

para mim esses loucos superam qualquer mero vendedor tentando arranjar dinheiro.