segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Laranjinha & Acerola contra a temível inclusão social

Kátia Lundi, diretora de vídeo-clipes e assistente de direção do maior sucesso do cinema-favela, "Cidade De Deus", está empenhada em um projeto junto a Rede Globo para a inclusão de outros promissores talentos vindos do grupo Nós do Morro. A abnegada diretora pretende minar o preconceito com que esses jovens atores são encarados lhes dando oportunidade de atuar em diversas áreas do cinema e da tv, acabando, dessa forma, com a diferença social. "Estou fazendo minha parte" diz ela.

E o projeto já está dando frutos. Fulaninha de tal, a mocinha do filme, foi convidada para fazer uma ponta no seriado "A Diarista" como uma faxineira atrapalhada. Johnatan Hagëen-Daaz, o traficante Gomalina da badalada película, já tem papel de destaque garantido na próxima minissérie da Rede Globo. Ele será um escravo, filho de Neusa Borges na trama. Mas é o protagonista de "Cidade De Deus", porém, quem tem planos mais ambiciosos. Sicrano receberá ajuda de Regina Casé para dirigir uma filme sobre os traficantes de drogas do morro do Vidigal.

Regina é outra que mergulhou de cabeça no projeto de inclusão artístico-social. A paquidérmica comediante pretende aproximar a rapaziada do asfalto e a galera do morro na festa de aniversário de sua filha. O tema da festinha desse ano será "churrasco na lage" e toda a trupe do grupo de atores já foi convidada...Mas vai ter que subir pelo de serviço.


Aliás e a propósito, por que todo personagem negro de qualquer novela, seriado ou minissérie da Globo é sempre batizado com nomes referenciais e/ou étnicos? É uma quantidade de Zulus, Zumbis, Ébanos, Pretas, Pelézinhos, Núbios, Morenas, Pardim, Chocolates, Grafites, Nankim (naquim!!! Quem dá nome de tinta prum filho, porra?!), que faz você pensar que, caso um dia um negro chamado Luiz Henrique seja apresentado ao Antonio Calmon, ele vai achar que é pegadinha!

domingo, fevereiro 20, 2005

É que a televisão me deixou burro, muito burro demais- parte II

E em um programa noturno de entrevistas na tv a cabo feito pela Marília Gabriela e com cenários assinados pelo Gringo Cardia (aliás, tenho a impressão que todos os programas de entrevistas em canais a cabo são capitaneados pela Marília Gabriela e tem cenários de Gringo Cardia) não é que quem está ali, resplandecente, é nossa grande Verinha, a heroína da novela das sete?! Você quase não acredita, mas decide sentar e terminar o sanduíche entretendo-se com o dedo de prosa das duas comadres televisivas. Por pura falta de sorte você perdeu a parte mais substancial da entrevista, restando contentar-se com um “bate-bola, jogo rápido”.
O enquadramento é fechado, o rosto das duas está tão próximo que você tem a nítida impressão que, caso a pobre Verinha dê uma resposta que não agrade a entrevistadora, Marília Gabriela vai arrancar um naco de seu nariz a dentadas. Fica a dúvida se o enquadramento é uma opção estética ou, pura e simplesmente, falta de outra câmera de tv.
Marília fuzila a entrevistada:
- Vida?
- ...É bela
- Morte?
- Passagem.
- Uma passagem?
- De ida e volta, please!
- Uma volta?
- Hummm, essa é difícil. Posso pensar? Ah, de pedalinho em Paquetá!
- Uma frase?
- Abre aspas, meu pipi no seu popô, fecha aspas. É do Roger, do Ultraje.
- Um ultraje?
- Eu comia meleca, admito.
- Uma palavra.
- Paz.
- Uma sílaba...
- Bu. De bumerangue!
- Uma vogal.
- Z!
- Z não é vogal. Você comeu alho hoje, né?
- Comi, como você sabe?
- ...E não escovou os dentes!
- Nossa, você sabe tudo de mim, meu deus?! Marília, você é genial!

É que a televisão me deixou burro, muito burro demais

Você acorda, caminha tateando o corredor até chegar à sala, com os olhos ainda um pouco embaçados pelo sono ou cheios de remela. Refastela-se no sofá, as pernas abertas, uma das mãos no meio das pernas coçando o saco. Estica a mão que está livre, aperta o botão do controle remoto... Lá está! Você, ainda zonzo de sono, não consegue distinguir o programa. É o Gugu ou o Leão, o Ratinho ou o Faustão, o Raul Gil, o Sílvio Santos...Não, não, o Sílvio Santos não é! Pode ser aquele menino de São Paulo que casou com a Angélica, mas ora bolas, quem se importa?
Você levanta, pega um copo de água e quando senta novamente no sofá, o corpo já um pouco menos dormente, percebe que o programa é uma espécie de concurso. Três pobres infelizes que estão ali você não sabe se para empilhar caixotes, assobiar “brasileirinho” com uma folha de bananeira, imitar o presidente ou engolir seis ovos inteiros de uma vez, perfilados, aguardando o voto de uma banca de jurados. O interessante é que ali para julgar os feitos incríveis dessa patota estão o que, para a produção do programa, devem ser as mentes mais abalizadas no assunto, três jovens atrizes da casa.
Enquanto os três “competidores” fritam sob o sol (o programa é gravado numa arena montada ao ar livre) o comunicativo apresentador decide saber um pouco da vida profissional de Cris Jana, a Verinha da novela das sete e jurada número um.
- E aí Cris, como está sendo interpretar a Verinha, esse sucessão enorme na novela das sete?

A jovem atriz, um primor da criatividade, sorri, aperta os olhinhos e dispara:
- Nossa, a Verinha é um preseeente do Tony! diz, exultante. – Tá sendo delicioso de fazer!
- Super bacana! E como é trabalhar com um monstro sagrado como o Lula Cortês?
- Poxa, o Lula...Nossa, é uma aula contracenar com o Lulinha!!! Eu agradeço muito porque pra mim, assim...Eu tô aprendendo muito, sabe? Acho que todo ator não pode parar de estudar e eu tenho muito que aprender e também...
Você se levanta meio enjoado, caminha até a janela e cospe. Coça a bunda e decidi se masturbar e quem sabe voltar a dormir por toda à tarde. Se dirige para o seu quarto não antes de ouvir a jurada número dois, outra jovem atriz da casa recentemente no ar numa minissérie de época:

- Antes de dar meu voto, posso anunciar que eu tô com uma peça bárbara ali no shopping?