segunda-feira, agosto 18, 2008

Andando pelas ruas de São Paulo

Apesar de estar aqui há exatos dez dias, só agora tive tempo e saco para sentar e escrever sobre minhas primeiras impressões a cerca do cotidiano de São Paulo. Acho que só me movi a fazê-lo também porque estou preso no trabalho esperando dar 21:00hs para um caminhão chegar aqui e ser carregado (Obrigado, seu Kassab, obrigado!).

Enfim, meus dias até que tem sido bem divertosos, graças a casa do Pedro, AKA Animal House. Chez Pedro, pra quem não está familiarizado, é uma mistura de bolsa do Gato Félix e laboratório do Professor Pardal. Tipo assim, você acha de um tudo, o funcionamento é perfeito e coisa e tal... Só que nada está no local que deveria, a ordem e a arrumação foram banidas e há uma fina camada de dois dedos de poeira sobre quase tudo. Por exemplo, eu me deparo com compilações de zine fazendo compania pra uma seringa velha quando vou ao banheiro; Debaixo da minha cama, vive uma colônia de biografias de roqueiros, uma mala velha e, desconfio, um sxe novaiorquino safra 88 que sobrevive de farelos de comida e cds velhos; A cozinha esconde temperos e aromas de quase todos os lugares do mundo (muitas vezes, de uma vez só); E tem os vinis... Ah, os vinis! Fileiras e fileiras de reprensagens psicodélicas, pepitas de ouro do thrash metal e raridades do punk/hardcore que valem uns bons trocados. Aliás, os vinis são única coisa realmente organizada lá. Isso e a coleção de HQs dos irmãos Hernandez, minha descoberta mais querida até agora e também minha distração diária no trajeto Pinheiros-Aclimação-Pinheiros.

Óbvio que nem tudo são flores, as saudades que sinto da boa vida lá de casa e, principalmente, da minha mulher são terríveis, e só pioram pelo fato de proibirem arbitrariamente o MSN e o orkut no trabalho (como se eu não soubesse outras 97 formas de passar o tempo aqui sem ninguém perceber!). Ah, e tem o gato... Pois é, divido o apartamento com o Pedro e com uma gata preta e branca que atende pelo nome de Tootsie. Tenho certeza que, bicho traiçoeiro que é, Tootsie não vai com a minha cara e faz questão de cagar na cozinha toda vez que eu chego, empesteando o ambiente. Fora isso, morro de medo que ela me passe toxoplasmose e mije nas minhas roupas. Ou pior, mije nas do Pedro e diga que fui eu! Meu roomate diz que é impressão minha, que o gato não fede, não vai tentar engolir minha alma se eu dormir com ele no quarto de boca aberta e, definitivamente, não está disputando sua atenção comigo. Pelo sim, pelo não, ando dormindo de porta trancada.

Outra ajuda de grande valor que tenho recebido em ordem de não cometer o suicídio nuclear provocado pelas saudades de Tamara, do BB Lanches e do tratamendo VIP que gozava morando com minha mãe, vem dos amigos e parentes que já habitavam a terra da garoa. É impressionante, mas gente nova morando numa cidade estranha é tratada como uma espécie de orfão, né? Todo mundo te chama pra sair, convida pra visitar a casa, pergunta se você está bem, se está se adaptando, se o emprego é legal, se o clima da cidade é do seu agrado... Se eu soubesse disso, teria me mudado mais cedo ou, melhor ainda, ficaria mudando de cidade a cada três meses, adulando minha carência a pires de leite. Bia Bonduki, por exemplo, nem sabe, mas salva todas minhas noites desde que me emprestou a caixa de Freaks & Geeks; O Lima que nunca me ligou na vida pra dar um passeio, me chamou pra sair TRÊS VEZES num período de dois dias; E todo dia tem alguém nos visitando na Animal House, o que confere um clima de participação especial em seriado dos anos 80 a minha semana (falta só um bordão e instalar uma claque no batente da porta).

Sei que assim que Tamara estiver por aqui me fazendo companhia, tudo vai ficar mais prazeroso. Até lá, vou me divertindo com a presença espirituosa, os comentários, discos e livros do Pedro, as visitas da Bia, as saídas com a rapeize, os prováveis ensaios com o Lima e a possibilidade de sempre matar trabalho escrevendo nesse blog. Espero só que até lá eu não tenha virado um desses "carioca-babaca-que-se-mudou-pra-sampa" típicos, daqueles que andam fantasiados de Rio de Janeiro em São Paulo, dizendo que gosta de praia, funk e pagode e falando gírias forçadérrimas, mas que ao cruzar a fronteira começa a falar mal do Rio e dizer que está contente em fazer parte da locomotiva do Brasil.

3 comentários:

Bia Bonduki disse...

fico extremamente feliz em saber que a turma da linds te salvou. se quiser algum outro dvd, tá às ordens!
e, calma, você continua carioca. ma num vai me começar a me falar que nem os paulista, meo!

Bia Bonduki disse...

obrigada pelo ombro. vc ainda está em barretesão? ligaí.

Menezes, o cretino disse...

Então... Nem fui! Achei que tivesse te dito. Essa sexta, contudo, vou pro Rio. Te ligo hoje!