segunda-feira, novembro 05, 2007

Não obrigado, tô só olhando...

Uma das situações mais constrangedoras para homens do sécuo XXI é, sem dúvida nenhuma, a saída para comprar roupa. Falo dos homens porque mulheres, geralmente, são seres mais evoluídos e desinibidos, portanto, sabiamente mais sociáveis. Ou talvez não sejam todos os homens, mas apenas eu, especialmente. Admito, tenho aversão a visitar uma loja quando estou à procura de alguma peça, normalmente depois que me dei conta de que aquela bermuda feita de uma calça jeans de cinco anos atrás está se decompondo ou que não dá para ir com camisa de banda pro casamento de uma prima. É bom frisar que meu constrangimento e inabilidade só surgem nesses momentos específicos, porque quando eu estou acompanhado e geralmente entro em uma loja sem nenhum motivo aparente, faço uso de minha cara de pau com prazer para fingir que vou levar metade da loja. Geralmente termino dizendo "ok, então separa tudo isso aí pra mim que eu vou ali sacar o dinheiro e já volto...". Óbvio que é mentira, é mania de escroto e eu fico achando que não posso voltar àquele lado do shopping.

Mas enfim, uma vez tendo notado a escassez de roupas no meu armário (ou, sendo mais realista, de "roupas de adulto", "roupas de homem", "roupas arrumadas") parto para a detestável missão de encarar o temível vendedor de loja de roupa!!! Pois meu grande problema não é comprar, ora bolas, eu sei o que eu quero, sei do que eu gosto e geralmente, estudo a vitrine com precisão, tentando até mesmo entrever a posição de cada peça dentro da loja para efetuar a compra em tempo recorde. "Oi essa camisa tamanho M quanto é tá não obrigado só isso tchau", essa é toda a conversa que estou disposto a ter uma vez que desejo realizar uma compra. Porra, porque o cara quer saber meu nome? E porque raios eu me interessaria pelo nome dele? Pior mesmo é quando é mulher que tenta ser meio íntima e pergunta se pode te chamar de Lu. Ou te chama de Lu sem nem ao menos perguntar se pode! "Meu nome é Henrique, tá? Se precisar de alguma coisa só me fala". Tá, Henrique, preciso que você vá tomar no meio do seu cu e não encha meu saco, dá pra ser?!

Eu sei que vendedores vivem de comissão e que é uma tarefa ingrata insistir para que as pessoas comprem mais do que elas precisam. Tenho certeza que muitos vendedores sabem de sua condição inoportuna, mas precisam do emprego e possuem um gerente cretino os obrigando a se submeter a esse comportamento vexatório... Mas vamos lá, pessoal, um pouco mais de sagacidade. Ou algum vendedor realmente acredita no fato de que está ali influenciando verdadeiramente alguém ao dizer "Pô, essa bermuda é iraaaada! Peguei uma peça igual pra mim!". Ah tá, você, vendedor de surfwear de cabelo que parece um teto de sapê amarelo fosforescente, de tênis de skate, camisa estampa e bermuda florida tem um treco desses no armário? Então não quero, deve ser sinônimo de breguice aguda! Sofri horrores na Redley e na Galeria River com esse tipo de approach.

Mas o fundo do poço do constrangimento só é atingido quando não contente em dizer seu nome, te chamar por apelido, pedir para te adicionar no orkut (ok, isso eu inventei), o vendedor tenta te elogiar. Olha, sério, somos todos adultos, eu vou comprar a roupa, e se já é vergonhoso o bastante que minha mãe e minha namorada tenham vindo comigo, você elogiar e conversar com elas não melhora a situação. "Cara, que lindas suas tatuagens". Valeu. "Doeu?". Não. "Tô pensando em fazer uma...". Uma índia, uma índia com a cara da mina dele, aposto que ele vai dizer... "Mandar uma índia aqui com a cara da minha filha". Puuutz, foi quase! Ou então quando ele, desesperado para pagar a encomenda de winstroll com a comissão pela sua compra, começa a esquisofrênicamente tentar empurrar qualquer peça da loja. Afinal, por que você não vai levar a calça, só porque ela não entrou? Besteira, depois ela cede. Nããão, não porque o jeans é vagabundo, porque... bem, porque cede mesmo, né? "Não quer ver também uns bonés, umas munhequeiras, um sungão, uma meia, uma parafina?"

Um comentário:

A. disse...

o que mais me irrita é entrar na loja e em menos de 2 segundos brotar uma vendedora com um sorriso mais falso impossivel, que vai de orelha a orelha com a famosa frase "posso ajudar?" e dai a cada roupa q vc olha ela fica te engolindo com os olhos, observando de cima a baixo... me irrita tanto q saio da loja.

mas adorei a analogia do vendedor de lojas "playsson" hahahaha