segunda-feira, junho 16, 2008

Aceite, você não tem a vida de Sarah Jessica Parker!

Pois é, estreou. O pessoal no site da Júlia Petit deve estar em polvorosa, as meninas da Daslú e as estudantes de jornalismo da PUC também. A versão cinematográfica de Sex and the City, o seriado-sensação de 10 entre 10 solteironas de quarenta anos, chegou às salas brasileiras.

"E daí?", você pensa. Qual a relevância desse filmeco na sua vida e porque isso virou assunto nesse blog? Bom, por mais que eu queira sempre manter distância segura de uma turba de mulheres enlouquecidas com algum evento (seja show do Menudo, liquidação de shopping ou o filme em questão), não dá pra deixar de lado a importância sociológica da série para o universo feminino pós-moderno. Cê acha que eu tô de zueira? Mas é papo sério... Sex and the City foi responsável por reabilitar a futilidade e os sentimentos mais 'Amélia' que a revolução feminista enterrou a duras penas.

Longe de mim querer fazer o discurso riot grrrl, se uma mulher se sente confortável nesse papel, bom pra ela, que viva feliz. Mas todo esse negócio de fabulous, Manolos e Cosmopolitans pirou a cabeça de gente e, se antes de Carrie Bradshaw e cia, havia aquele saudável vergonha de admitir que você gastou o preço de dois salários mínimos num sapato, depois da série da HBO isso começou a ser visto como algo engraçadinho, charmosinho. Uma loucurinha fashion de uma designer shoes addicted. You go, girl!

Só que não tem nada de bacana nisso, porra! Você não mora em Nova York, mora em Taubaté; Suas amigas não são mulheres poderosas, inteligentes e bem sucedidas que transam com modelos masculinos, elas são gordinhas de cabelo pintado de saia preta e all-star; Seus programas não incluem tomar um brunch no SoHo e comprar bolsas de griffe, mas se reunir em alguma lanchonete e depois ir pra porta de um show de emo. Porque, né, se é pra copiar, copia direito!

Ainda mais cretino e deprimente é quando essa adaptação da realidade é feita por senhoras já avançadas na casa dos trinta, quarenta anos. Porque mongolismo adolescente é duro, é grotesco, mas é compreensível. Agora, apatetamento surgindo na Idade da Loba é de ma-tar! Não pode e pronto. Tinham mulheres que, quando a série ainda era exibida nos EUA, andavam com camisas com frases como "I'm a Carrie" ou "I'm a Samantha", fazendo referência a personalidade e comportamento das quatro personagens principais. Olha, numa boa, se uma mulher sai com uma camisa dessas na rua, ela deveria seriamente pensar na possibilidade de comprar outra escrito "I'm a Moron", isso sim.

E sabe o que é mais calhorda em todo esse lance de Sex and the City? É que as pessoas que assistem e gostam da série a defendem como um libelo pós-moderno, de mulheres bem resolvidas que querem transar com quem bem entendem e serem felizes sem precisar dar satisfação a sociedade, só que a mensagem final era totalmente oposta! Reparem, a protagonista resolvia seus problemas comprando sapatos e passou a série toda correndo atrás de um cara que a desprezava para, no fim das contas, consumar seu happily ever after no altar. E de branco, mesmo depois de dar mais que xuxu na serra, porque hipocrisia pouca é bobagem!

Ou seja, quer ir vai, mas saiba que a mensagem que Hollywood te passa é: Não interessa se você é uma advogada de sucesso, uma quarentona fogosa, uma socialite certinha ou uma jornalista com cara de cavalo, você só será feliz se tiver marido.

PS - E caso você sinta uma vontade incontrolável de sair comprando sapatos depois de assistir ao filme, passa na Marisa, amiga. Porque, cêis sabe, de mulher pra mulher é Ma-riii-saaaa.

10 comentários:

Bia Bonduki disse...

É tão difícil para o mundo (feminino, principalmente) aceitar que algumas pessoas simplesmente não-se-i-den-ti-fi-cam com o SatC? Eu sempre achei a série uma versão gráfica daqueles livros do tipo "O Diário de Bridget Jones". Babaca. Mulheres independentes e bem-sucedidas descontando a não-ligação do dia seguinte em compras.
Mas, aí, a gente fala isso - a gente, digo, eu, mulher - e neguinho fala que eu quero pagar de durona. Eu também espero a ligação no dia seguinte. Mas, se ele não liga, eu choro e assumo. :)

Menezes, o cretino disse...

Pois é, e me dói um pouco ela ser vendida como um ponto de vista das mulheres pós-modernas. É isso o que toda mulher analisada e bem resolvida quer? Comprar sapato e virar mulherzinha do cara que ela correu atrás toda a vida e que nunca deu muita pelota pra ela?

E assim, se você é milionária e sua vida se resume a comprar, almocinhos e pilequinhos com as amigas, ótimo. Normal que você se identifique. Mas se sua concessão ao glamour se resume em frequentar o Iguatemi ou o Shopping Leblon em época de liquidação de Natal, tá na hora de você rever seus conceitos d eidentificação, né?

M disse...

hey hey....cade????

Menezes, o cretino disse...

Ah, eu venho e escrevo, nego não comenta, daí rola aquela desmotivação, saca? O trampo em Sp também não facilitou...

Mão do Macaco disse...

Poxa, mas estamos na fome aí faz umas semanas já... precisamos das suas postagens, califa!
Eu concordei totalmente com o que você escreveu. Até me vi no que você escreveu: tenho que deixar de ser uma quarentona consumista submissa e alienada. Eu estou tentando, juro, não sou a Sarah Jessica Parker, mas também não sou a Sara Jane.

Menezes, o cretino disse...

Querido pata símia, mas o nosso consumismo, se sei bem do que você fala, é um outro, bem mais inofensivo.

Por falar nele, adquiri dois Lps com a sua cara: Beyond Possession e o primeirão do Psychic Possessor. Tive em suas terras, mas trabalhando sem parar, ficava o dia todo lá no pavilhão do SPFW trabalhando com Glorinha Khalil, hehehehe!

Mão do Macaco disse...

Excelentes compras, califa! É agacê pra mim e pra você. Seu bom gosto é ótimo! Redundei pleonasticamente, eu sei.

Se você esteve em SP deve ter visto o corpo da Karolina Kurkova. E aí, como foi o "frisson" dos fashionistas?

Anônimo disse...

Ah gente! Os sapatos, as roupas, Nova York, final feliz com o homem da sua vida, ai ai ai...Isso é pornografia feminina!

Menezes, o cretino disse...

A rapaziada surtou, deu ataque, chamou de gorda. Eu achei ela meio feiosa e com aquele típico corpo de européia rechonchuda. Quer dizer, a gordura fica alojada ali no tronco e não desce pra bunda e pras pernas, o que faria tudo ficar charmoso, sexy e interessante.

Unknown disse...

Nhá............. Todo ser humano gosta de comprar! Seja sapatos,bolsas, bonequinhos ou vinis.
Se tem gente que usa isso para suprir uma carência,frustração, ai problema.