quinta-feira, outubro 09, 2008

West Beverly High revisited makes me feel so old!

Bem, isso não deve ser novidade pra mais ninguém, mas o canal americano CW decidiu produzir um remake de Beverly Hills 90210 (pretensious asshole translation para Bar-ra-dos no Bai-le). Se você já sabe disso e até mesmo baixou alguns episódios da primeira temporada e está pensando porque estou trazendo notícias "soooo last season", foda-se você, esse não é o blog da Julia Petit! O negócio é que depois de uma temporada sem muito contato com uma de minhas maiores, mais leais e interessantes amizades, a TV, pude ver o anúncio da nova velha série ontem no Sony em meio a mais uma terrível crise de insônia (a mesma que me faz escrever isso aqui às 2:40hs da manhã).

Amigos, me senti velho. Sério, de verdade. Apesar de ser um produto dos anos 80, é mesmo a década de 90 que eu tenho como "a minha época", sabe? Ok, He-Man, Thundercats, o BA, filmes de Indiana Jones e De Volta Para o Futuro, querer ser como Daniel Larusso, boneca da Xuxa e do Fofão assassinando crianças indefesas, cometa Halley, Tancredo morrendo antes de assumir, ser fiscal do Sarney, SUNAB, hiper-inflação... lembro-me de tudo isso, mas com aquela mentalidade infantil idêntica a das pessoas que frequentam a Ploc 80s ainda hoje e sem discernimento abraçam Smiths e Gretchen como se a mesma coisa fosse, uma massa amorfa de referências e gostos pueris e imaturos sem nenhum padrão de qualidade ( He-Man, Transformers, Thundercats e Comandos em Ação são excessões a lista, claro!) . Na década de 90, por outro lado, eu já era um rapaz ciente de minhas escolhas, ora bolas! Sabia o que queria e podia filtrar o que de bom e ruim me era oferecido. Tartarugas Ninjas? yes, please! Roupas fluorescentes da Pakalolo? No way, José!

Admito com um pingo de vergonha que Barrados no Baile foi um seriado de certa importância nos primeiros passos de minha adolescência. Sabe como é, eu estava saindo daquela fase de andar de nike air branco cano alto (novamente uma escolha sensata: Nike e não Reebok Pump!) com bermuda e camisa do Bart Simpson e ir ao flipperama torrar fichinhas em Moonwalker com meus amiguinhos para adentrar o mundo das matinês de pegação. Eu - e acreditem, uma legião de moleques sem o apoio de suas famílias - precisava de um modelo que me inspirasse na tarefa de chamar a atenção do público feminino, e numa época em que o máximo de opções que lhe eram dadas era Coca-Cola ou Diet Coke, Bobs ou Mac Donalds, eu tive que escolher entre Brandon Walsh ou Dylan McKay. Fiz a escolha pelo primeiro, o esteriótipo do carinha meio nerd, bom filho, bom amigo, gente fina 24/7 e que, ainda assim, era capaz de abater a maior quantidade de vajayjays possível.

Eu assistia toda sexta-feira ao voltar da colégio mais um episódio na vida do casal de gêmeos da família Walsh, vindos do Minnesota para viver a vida exclusiva dos alunos do West Beverly High. Puta merda, eu queria ser como aquele cara! Como eu estudava num colégio só de homens, era feio, esquisito e sem o menor jeito com as mulheres (leia-se amigas da minha irmã mais velha que liam Capricho e estavam mais interessadas em surfistas que fumavam cigarro de Bali e usavam nauru), minha única chance era mesmo frequentar as matinês do Wells Fargo paramentado como um mini-Brandon! É isso mesmo, senhoras e senhores, aos meus 12 anos eu acreditava piamente que camisetas brancas usadas por baixo de uma camisa de botão xadrez colocada para dentro da calça jeans e sapatinhos de camurça me ajudariam a ter sucesso na arte de cherchez les femmes. Em minha defesa trago a público que pelo menos não ostentei um topetinho como o do personagem. Nem costeletas (apesar de eu tentar, penteando minhas mexas laterais pra baixo), o que deve ter sido realmente a razão de um cartel tão negativo no campo dos embates amorosos.

Engraçado pensar em como as coisas são fugazes na nossa adolescência, mas a gente tem a impressão de que duraram muito tempo. Repensando agora, eu devo ter assistido Barrados no Baile com frequência por um ano (quando estava na quinta série e enquanto ela era exibida na sexta e, logo depois, sábado de manhã), ainda assim, mais tempo do que durou essa minha fase de tentar pegar mulher numa boate fazendo ligações pra suas mesas através de um interfone vermelho e convidando elas pra dançar ao som de Shabba Ranks, Pato Banton e Papa Winnie. Logo depois eu me tornei grunge por, sei lá, cinco meses, antes de descobrir os prazeres ocultos do death metal e dos discos do Ramones. Ao menos ainda pude aproveitar as camisas xadrez que comprei para emular o vizoo do Jason Priestley, né?! Mas acho que isso faz parte da magia de uma época em que um seriado podia se dar ao luxo de ser batizado com o nome de uma música do EDUARDO DUSSEK (um cara que traduz adolescência e mercado jovem como ninguém!) e ainda assim fazer sucesso. These were simpler times, folks!

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