segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Chega, com esse cara eu não toco mais!

Acabar banda é tão problemático quanto acabar namoro. É tão problemático quanto, mas é pior porque, do namoro, você pode ao menos guardar as lembranças de incontáveis fodas maravilhsoas. E da banda? Quem quer rememorar aquelas horas enfurnadas com mais dois ou três fulanos numa salinha apertada e discussões acaloradas sobre porque tocar um cover do Mudhoney e não um do Kiss? Banda é, portanto, um casamento coletivista e homosexual entre pessoas com sérios problemas de ego. Imagina o divórcio de uma porra dessas...

Primeiro tem sempre um membro da banda que vai se sentir ignorado pelos demais, que vai reclamar que suas opiniões não são levadas em conta e que, no fundo, no fundo, ele tem certeza que esse fim da banda é só uma tramóia para obrigarem-no a pingar colírio de asfalto no olho da rua. Mas não se engane, esse é o único com quem você vai conseguir manter uma amizade. Foda mesmo é tratar com aquele cara que se achava (ou o era por direito) o dono da bola. Com esse haverão discussões sobre quem realmente mandava ali, quem batizou a banda e quem fez a maioria das músicas. Em momentos como esse eu já me vi dividindo uma música em riffs para saber quem detinha mais direitos sobre ela. Juro por deus! E olha que como mesquinharia pouca é bobagem, eu o fiz pelo telefone, passando minhas opiniões para o vocalista enquanto ele discutia com o guitarrista pela internet! Deveria lançar um livro chamado "Como fazer inimigos e influenciar pessoas a fazerem merda".

Em dez anos eu já fui capaz de montar, sair, entrar e ver ruir umas quatro bandas, fora aquelas que não chegaram a ver a luz fora das salas de ensaio. E é com um misto de orgulho e vergonha que eu sou obrigado a admitir que não houve um mísero grupelho onde eu não tenha brigado com algum dos integrantes. Muitas vezes com dois, em formações diferentes. E é chato, sabe? Você encontra sua banda andando na rua semanas depois com um novo integrante, mais novo e mais bonito, e eles parecem tão alegres. Você se esforça para demonstrar alguma superioridade e que já superou tudo, "Eu também estou ótimo, brigado! Também estou vendo uma banda nova, vai ser sucesso!". Eles se afastam rumo a um show lotado e você chora baixinho ao lembrar que tudo o que conseguiu foi implorar para tocar numa banda de skacore... E eles ficaram de pensar! "Cuide bem de 'Flying high in the sky', vocês sabem, ela sempre foi nossa favorita!" você quer gritar, mas tudo o que consegue dizer é "o segredo dela é uma volta em dó ré sol antes do refrão" ao se despedir do novato.

E você sabe, as coisas não param aí, afinal, as pessoas falam. Sempre há aquele muy amigo que resolve ligar para você e contar as novas, the word in the street, por assim dizer... "Pois é cara, eu não queria falar nada, mas eu soube que eles estão tocando 'Look At Her Dancing' que você fez... Numa versão meio CPM 22!". E então você também descobre que seus antigos companheiros de banda andam espalhando que a guitarra do novo integrante é muito maior que a sua, que ele é bem mais habilidoso e que eles nem sabiam o que era um solo de verdade até ele ter tocado um. "A minha guitarra não era baixa, era o ampli deles que era muito grande. Aliás, era tão grande e eles emprestavam pra todo mundo e isso só prejudicava meu som!!!", você deixa como recado na comunidade da banda para que tooooodoooos saibam a verdade, a farsa que aquela banda a quem você dedicou os melhores anos da sua vida era. E pensar que você chegou a cogitar vender uns lances na internet pra custear a turnê pra argentina, hein?!

Mas como tudo na vida, um dia esse rancor e essa coisa mal resolvida passa. Vocês se cruzam na rua, conversam de forma sinceramente animada e alguém sugere um encontro, como quem não quer nada. Daí é a vez de se ligarem e combinarem um chope, pelos velhos tempos, sem compromisso. E não é que no dia todo mundo aparece? Mesmo aquele membro que achava que todos só queriam se ver livres dele deixou a namorada em casa e foi lá encontrar a velha turma. Todos bebem, riem e, provando que ninguém é muito racional quando se trata de um velho relacionamento quicando livre na área, decidem marcar um ensaiozinho, só pra desenferrujar, dar uma brincada. E aí já viu, a ressaca moral costuma ser duríssima!

5 comentários:

Nothing disse...

sldkaçlkdkda
pqp...
menezes vc acabou de escrever a biografia da chicken pussy espiritamente...
sldklasklçkdçlsakçldksçalkdçlaça

mto foda..

valeu cara..

Bia Bonduki disse...

ai, cê vai me odiar seu eu disser que achei esse post FOFINHO?
sei lá, achei.

Menezes, o cretino disse...

Tudo bem, sei que você anda dando bom dia pras flores e, além do mais, tem porque ser meio "fofinho" mesmo.

Pedro Carvalho disse...

Eu nunca saí de nenhuma banda, o que faz de mim um viuvo múltiplo.

Menezes, o cretino disse...

Eu na real só saí de uma, uma da qual nem fiz parte oficialmente. Todas as outras afundaram comigo abraçado ao mastro (no pun intend).