quinta-feira, maio 08, 2008

Cantinho da poesia by Claudia Leitte

Isso é sério, não é piada. Numa tentativa de elevar o nível da porra desse blog, decidi dedicar um espaço para a postagem de poesias. Engrandece o espírito, abrilhanta a mente... E faz a gente chorar de rir ou morrer de constrangimento - ou ambos -, caso os versinhos sejam assinados por ninguém mais, ninguém menos que Cláudia Leitte!!!

Atenção, repetimos, não é uma piada (leiam esse poema épico até o fim e vocês verão que não há necessidade). Ela realmente escreveu um poema e enviou aos jornais através de sua assessoria. Sintam que o lance é de conteúdo social, tipo dedo na ferida mesmo. Lá vai:

“NON OMNE QUOD LICET HONESTUM EST.”

Gosto de criancas.
Tem aquelas mais espertas, as quietas.
Ateh as mais sapecas sempre dao paz.
Criancas sem dentes,
Criancas que riem,
Criancas na praia,
Criancas nao sao iguais


Seus sorrisos sao verdadeiros
Em suas mentiras nao ha desespero
Sao soh fantasias, Ou medo dos pais


Uma crianca eh como uma estrela
Estamos no ceu se podemos te-la
Olhamos para o ceu se queremos ve-la.


E lhe ensinamos:
A soltar pipas,
Fazer rimas,
Ou um barco, se nao gostar de rimar.


“Vah a escola,
Coma sua merenda,
Sonhe! Aprenda!


Porque quem sonha alimenta o futuro,
Pode ateh temer o escuro,
Mas sabe que tudo pode superar.”


Crianca brinca o dia inteiro.
“Volte pra casa, menino, entre logo no chuveiro
Depois vah se alimentar…”


“Se nao comer, nao brinca,
Se nao estudar, nao vai ao aniversario da Julia.
Se voce errou, nao minta.
O que voce fez assuma.”


A educacao, o cuidado.
O amor, o preparo.
Privilegios para poucos,
Anseios dos “loucos”?


Pipa, Papel.
Hein?
Barco.
“Nao, Senhor, eu fugi de trem.”


Escola?
“Ah! Merenda.”
Se comer, apanha!
Quer viver, aprenda!
Aprenda logo a roubar.”


Quantos anos voce tem?
“Aqui eh terra de ninguem,
Nao tem aniversario,
Mas eu pratico o conto do vigario,
quer que eu te ensine tambem?”


Nao ha respeito.
Nao ha lei.
Todo dia uma crianca morre,
Ninguem diz: “eu matei”.


Pedofilos, Parasitas, Patifes
e ateh um bando de Politicos.
Baratas, Barbeiros e outros mosquitos.


Uns repousam sobre as feridas e as remelas,
outros trazem febre, que nao importa se eh amarela,
fazem a crianca colorida, acinzentar.


Barrigas grandes de vermes,
Braços pequenos carregando armas.
O menino que nao sabe se defender,
Aprende que tem que matar para nao morrer


Silencio de um povo que segue
Porque o seu umbigo eh a piscina onde se nada.
Nada. None!
Todo dia uma criança some.
Nada! E mais Nada!
Todo dia tem uma violentada!


Ninguem faz absolutamente nada!
Ninguém eh suficientemente homem.
A gente se senta e come
Enquanto a criança eh enterrada!


Umas são espancadas,
Outras caem de um arranha-ceu
Uma família eh indiciada,
A outra experimenta do mais amargo e puro fel.


Minta, chore, mas corra.
“Ei, menina, não conte a ninguém,
Ao que eu disser, diga: amem
Essa eh a lei, ou então morra.”

E o silencio sempre reverbera.
Nesse mundo onde a beleza impera,
Nao tem espaco para a crianca sonhar
E a gente que nao eh crianca,
Nem pensar em cochilar!

Pedir a Deus pra nao nos deixar sentir a dor da mae de Isabella,
Acreditar na historia da Cinderela
E continuar a caminhar.
Se “nem tudo que eh licito eh honesto”,
Apenas a confianca no PAI nos ajuda com o resto.


Juro por tudo que é mais sagrado que não adaptei, suprimi ou mudei uma vírgula de lugar. Ela realmente escreveu isso! Mayra Dias Gomes perdeu o posto de rainha literária desse blog.

Um comentário:

Serbão disse...

preocupação com o social. as musas do axé têm bons sentimentos em relação às nossas crianças.
me lembrei desta cena ANTOlógica do fina lde Cinderela Baiana, com um discurso comovente de Carlla Perezz:
http://www.youtube.com/watch?v=6HDvaLOq-6Y