sexta-feira, maio 09, 2008

Claudia Leitte, uma análise literária

Num esforço de compreender o incompreensível e facilitar a apreciação de amantes da poesia em geral, me aventurei a decifrar os melhores e mais complexos versos do poema de Claudia Leitte. Eu não possuo nenhum tipo de qualificação ou experiência para tanto, mas movido pelo sentimento DIY e pelo próprio exemplo de Claudinha, catei uns versos aleatórios e vou tentar adivinhar o que passava na cabeça da cantora de axé quando ela digitou essa merda toda no Word. Vamos lá:

Uma crianca eh como uma estrela
Estamos no ceu se podemos te-la
Olhamos para o ceu se queremos ve-la.


Logo no terceiro verso temos uma afirmação um tanto polêmica, afinal, o tipo de gente que "está no céu" quando finalmente pode "ter" uma criança são aquelas que nunca são deixadas a sós com crianças e tem seus computadores confiscados pela polícia federal. Também não fica muito claro em que lugar do mundo você precisa olhar pra cima para ver crianças. Será que em Salvador as pessoas lançam crianças como foguetes?

E lhe ensinamos:
A soltar pipas,
Fazer rimas,
Ou um barco, se nao gostar de rimar.


Ok, a coisa aqui evolui para a perversidade pura e simples. Vejam, para Claudia Leitte é oito ou oitenta, se uma criança não quiser aprender rimas com ela (e que tipo de rimas ela pretende ensinar? tê-la com vê-la?), ela vai obrigar a coitada a construir um barco! Vocês tem noção do descabimento entre aprender a rimar e contruir a porra de uma embarcação capaz de transportar pessoas através do oceano?!?! E fica a dúvida, se Claudia Leitte constrói barcos tão bem quanto rima, você daria um passeio numa escuna projetada pela cantora?

Se nao comer, nao brinca,
Se nao estudar, nao vai ao aniversario da Julia.
Se voce errou, nao minta.
O que voce fez assuma.


Ficamos sem entender direito, mas parece que o aniversário da Julia deve ser uma puta coisa legal pra se perder. Vou até passar a estudar mais e ver se sou convidado pra algum.

"Pipa, Papel.
Hein?
Barco.
Nao, Senhor, eu fugi de trem."


Aqui nossa poetisa decide fazer uma brusca mudança de estilo e ataca com versos dadaístas que indicam a fala débil de algum fugitivo (notem que todo verso está em aspas). Não fica muito claro se o tal fugitivo não estava familiarizado com uma pipa e com o papel, nem porque seu interlocutor confundiu um barco (novamente, uma fixação) com um trem.

Escola?
“Ah! Merenda.”
Se comer, apanha!
Quer viver, aprenda!
Aprenda logo a roubar."


Aqui as coisas ficam ainda piores para a pobre criança. Três versos acima, Claudia Leitte diz que se não comer não tem brincadeira, só para depois, em um desdobramento cruel, falar que vai bater na criança se ela ousar se alimentar. O lance de incentivar crianças a aprenderem a roubar o mais cedo possível também não vai garantir a autora uma posto de embaixatriz da UNICEF.

Pedofilos, Parasitas, Patifes
e ateh um bando de Politicos.
Baratas, Barbeiros e outros mosquitos
.


Talvez ela não saiba, mas barbeiro não é um mosquito.

Uns repousam sobre as feridas e as remelas,
outros trazem febre, que nao importa se eh amarela,
fazem a crianca colorida, acinzentar.


Ou Salvador é habitat de uma raça especial de crianças coloridas que são lançadas ao espaço ou seria bom alguém fazer um teste anti-drogas em Claudia Leitte.

E o silencio sempre reverbera.
Nesse mundo onde a beleza impera,
Nao tem espaco para a crianca sonhar
E a gente que nao eh crianca,
Nem pensar em cochilar!


Esse verso me deixou verdadeiramente confuso. Depois de desfiar um rosário de todas violências possíveis sofridas por menores de idade, a cantora diz que esse é um mundo onde "a beleza impera"?! Impera pra quem, pra ela e pra gente do quilate do Rei Herodes?

Pedir a Deus pra nao nos deixar sentir a dor da mae de Isabella,
Acreditar na historia da Cinderela
E continuar a caminhar.
Se “nem tudo que eh licito eh honesto”,
Apenas a confianca no PAI nos ajuda com o resto.


Por que um adulto vai pedir para acreditar na estória (e não na história) da Cinderela, uma princesa feita de empregada pela madastra? De que forma isso pode auxiliar a aliviar a dor pelos problemas vividos pelas crianças no Brasil? E como assim, "nem tudo que é lícito é honesto"? Ela não citou nada nem próximo de ser considerado lícito ou honesto nesse poema, só um monte de barbaridades tidas como crimes hediondos!!! Sério, acreditar no PAI e na Cinderela não vai melhorar em porra nenhuma, Claudinha.

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bommmmm!
To rindo horrores aqui!

Gustavo R. disse...

Tu é foda hahahaha...

Próximo passo: avaliar a letra do nosso grande poeta Chorão?