terça-feira, setembro 11, 2007

Não há romance que resista ao Casseta & Planeta

Eles se conheceram nesse grande parque de sociabilidade informal que é a internet. Era uma noite modorrenta de sexta-feira para ambos e eles pensaram juntos em dar um pulinho ali numa sala virtual, conhecer alguém com um nome falso usando outro nome falso e ver se conseguiam "arrumar pra hoje".

A conversa, ou ao menos aquela sequência de onomatopéias, emoticons e pontos mal-empregados que a gente tende a chamar de conversa quando se está na internet, evoluiu rápido. Rápido como mandam as regras das relações interpessoais virtuais/reais na rede, é bom dizer. Não pensavam muito em outra coisa ele e ela e, apesar de quererem se "arrumar pra hoje", deixaram o esquema pro dia seguinte. Apartamento dele, cama dele, vinho argentino dela e apetrechos eróticos de ambos.

Esses encontros não são do tipo que fazem com que você se aprofunde na personalidade da pessoa. Vamos deixar pra nos aprofundarmos em reentrâncias mais úmidas e prazerosas, né?! Além do mais, eles sentiam que já se conheciam há séculos - talvez ele fosse o MACHO_RJ_29 com quem ela teclou febrilmente num feriado de Corpus Christi há três anos atrás. Ela teclava com o mesmo jeitinho da saudosa ruivinha carente... não, não pode ser, ela nem é ruiva!!! - e já sabiam tudo o que precisavam: ela não era casada, ele não era pervertido, ambos não tinham doenças sexualmente transmissíveis e, ao que parece, não mentiram muito nas suas descrições.

Aliás, ela tinha que admitir que ele não exagerou em nada mesmo. Tinha o corpo malhado, a barba dispicentemente mal-feita, pele bronzeada e "um caralho grande e grosso que vai te fazer gozar muito, neném!". E fez. Quatro vezes naquela noite. Ele dominava ela e ela se entregava a orgasmos intermináveis nas mais diferentes posições sobre a cama, sob a cama, ao redor da cama e com a cabeça encostada no criado-mudo e as pernas apoiadas no armário embutido. Quando ele convidou ela pra, afinal, dormirem juntos, ela aceitou sem pestanejar. Um pouco por estar exausta até mesmo para se levantar e chamar um táxi, mas muito porque realmente se afeiçoou a ele e estava adorando a companhia daquele estranho tão íntimo que começava a fazê-la acreditar que talvez aquilo pudesse dar certo. Foda-se o que sua mãe falava sobre aquele hábito de tentar conhecer homens pelo computador, era o fim de suas noites pela sala Solteiros(as) Fogosos(as) - RJ do Uol. E que ele não fosse exatamente como seu príncipe encantado do chatroom, foda-se de novo, ainda era bom o bastante e ela dormiu acalentando esse devaneio.

No dia seguinte combinaram de ir ao cinema. Filme dos Simpsons foi o que ele sugeriu, ela estranhou, mas não ligou muito. Transaram mais duas vezes na mesa do café que ele preparou pra ela com torrada, queijo minas, suco de laranja e sucrilhos e toddynho pra ele antes de ganharem a rua.

Quando chegaram no multiplex do shopping com as entradas já compradas por ele via internet e após uma providencial passada num Mc Donalds para ele ganhar um bichinho do Shrek na promoção, ela disse a ele que não estava muito certa se queria ver um desenho animado, que não era muito seu estilo e que ela achava que ia achar um saco. Ele tratou de acalmá-la e reforçou como o desenho era divertido e crítico e ácido: "eu agarantiu, hehe!". Ela sorriu, concordando sem muita convicção, e ele a chamou para a fila de entrada: "entchão vamiu que o filmiu já vai começario, hehe!". Ela pediu um minuto, disse que ia ao banheiro e, com lágrimas nos olhos, correu para bem longe dali.

Mais um sonho destruído. Os desenhos animados, os sucrilhos e os brindes do Mc Donalds eram facilmente contornáveis, mas ela nunca poderia ter um Príncipe Encantado - mesmo daqueles que você encontra no chatroom do UOL - que gostasse de imitar o Seu Creysson. De volta aos Solteiros(as) Fogosos(as), merda!

Um comentário:

Mila Neri disse...

realmente, seu creysson é broxante... ehheh